� economista do BNDES. O artigo n�o reflete necessariamente a opini�o do banco.
Desigualdades na educa��o
Foi publicada no fim de julho a quinta edi��o do relat�rio "As desigualdades na escolariza��o no Brasil", feito pelo Observat�rio da Equidade, ligado ao "Conselh�o".
Sua leitura � proveitosa para ter um panorama abrangente e ponderado da educa��o brasileira, reconhecendo os avan�os e apontando as dificuldades. Em particular, o relat�rio tem o m�rito de n�o s� avaliar a evolu��o dos indicadores m�dios como olhar para os extremos.
Um aspecto que chama a aten��o � que o esfor�o brasileiro se concentra nas novas gera��es. Assim, h� grupos que est�o ficando para tr�s ou ainda n�o foram de todo inclu�dos no processo de universaliza��o.
Isso se reflete, por exemplo, no analfabetismo, a mais grave mazela educacional. De 2005 a 2012, a taxa caiu de 11,1% para 8,7%, por�m entre as pessoas com mais de 60 anos a queda foi de 24,8% para 24,4%.
Fica a impress�o de que os analfabetos idosos est�o abandonados, enquanto se aguarda que o curso natural da vida acabe com o analfabetismo. � dif�cil mesmo combat�-lo entre adultos. Seria necess�rio que isso se tornasse uma bandeira nacional. Como preferimos "calar e consentir", � bom que ao menos se registre que o problema persiste.
� mais dif�cil fazer o mesmo quanto �s desigualdades entre os meios urbano e rural. De 2005 a 2012, a propor��o de jovens de 18 a 24 anos que completaram o ensino m�dio foi de 44% para 54,7% –algo substancial, ainda que longe da universaliza��o e representando grande desafio para a reformula��o do EJA (Educa��o de Jovens e Adultos).
Nas cidades, o indicador subiu de 49,3% para 58,4%, e, nas zonas rurais, de 17,8% para 31,9%. A iniquidade tem ca�do, mas ainda representa grande desvantagem para os jovens do campo.
Um caso bem-sucedido tem sido o da educa��o infantil, cujo crescimento � not�vel, em especial nos grupos mais vulner�veis. Como se sabe, os est�mulos cognitivos e sociais nessa idade s�o cruciais para o sucesso educacional de longo prazo.
O percentual de crian�as de quatro e cinco anos de idade que v�o � escola passou de 62,7% em 2005 para 78,2% em 2012. No campo, foi de 44,5% para 66,7%, e, nas cidades, de 67,6% para 80,7%. Entre os 20% mais pobres, a evolu��o foi de 52,8% para 71,2%, enquanto no quinto mais rico foi de 86,9% para 92,5%.
Isso � fruto da inclus�o dessa faixa et�ria na educa��o b�sica ao se criar o Fundeb, em 2007. A universaliza��o deve ser obtida nos pr�ximos anos, j� que em 2013 passou a ser obrigat�rio frequentar escolas a partir dos quatro anos. Quer dizer, prioridade legal e or�ament�ria faz diferen�a nas pol�ticas p�blicas.
Isso remete a um tema que tem se tornado controverso: a expressiva eleva��o dos gastos por aluno, que a valores constantes passaram de R$ 1.993 em 2005 para R$ 4.267 em 2011. Analistas conservadores t�m defendido que tal aumento n�o melhora o desempenho dos alunos.
Essa avalia��o, que pode vir acompanhada de testes econom�tricos, tende a n�o levar em conta que a eleva��o de gastos � recente e que s�o longos os per�odos de matura��o dos esfor�os em educa��o, em especial quando se parte de um sistema muito prec�rio. Uma evid�ncia disso � que os resultados dos alunos no ensino fundamental, cujos aumentos de gastos se iniciaram ainda nos anos de 1990, s�o hoje melhores do que os do ensino m�dio.
Tamb�m � preciso lembrar que o desafio � descomunal. Pagando o pre�o de ter sido de longe o principal pa�s escravocrata, a taxa de analfabetismo era em 1950 de mais de 50%. S� no fim da d�cada de 1980 � que se chegou � metade dos adultos com ao menos o prim�rio completo.
A busca da universaliza��o da educa��o se tornou efetiva s� a partir da Constitui��o de 1988. Desde ent�o, a melhora tem sido consistente tanto na amplia��o do acesso quanto no aumento da qualidade, como mostram os resultados de avalia��es nacionais (Ideb) e internacionais (Pisa).
N�o obstante, o relat�rio do Conselh�o mostra que na educa��o brasileira ainda h� muito a caminhar e desigualdades a combater. A conten��o de gastos parece ser uma sugest�o longe dessa realidade.
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Estou triste e chocado. Meus p�sames � fam�lia de Eduardo Campos e �s de todas as v�timas do desastre de ontem.
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