� economista do BNDES. O artigo n�o reflete necessariamente a opini�o do banco.
O caos do Rio
O centro do Rio est� um caos. As obras do Porto Maravilha levaram a derrubada do elevado da perimetral, via de acesso � cidade e circula��o pela regi�o costeira central. Os transtornos se iniciaram h� algumas semanas e v�o piorar com mudan�as em outras vias importantes. At� ficarem prontos um novo mergulh�o e as demais obras, paci�ncia ser� preciso. Ainda assim, impressiona o clima favor�vel.
De in�cio, cabem dois esclarecimentos. Primeiro, propositalmente, n�o me debrucei para entender o projeto em detalhes, avaliando opini�es a favor e contra. Escrevo com base nas impress�es de morador.
Segundo, n�o tenho nenhuma simpatia a priori pelo prefeito Eduardo Paes. Por�m tenho que reconhecer seu empenho e sua tranquilidade em bancar o projeto.
A avalia��o que mais ou�o � que o prefeito � doido. Alguns dizem isso com raiva, mas a maioria d� um cr�dito em raz�o da perspectiva de que o cora��o da cidade venha a ficar mais bonito e agrad�vel.
Parte da boa vontade vem da amostra dada pela abertura da via bin�rio do porto, que, com a demoli��o de parte da perimetral em novembro passado, descortinou uma bel�ssima regi�o, antes degradada e escondida e que, agora, tem cal�adas bem feitas, pr�dios antigos restaurados e equipamentos novos, como o Museu de Arte do Rio, e outros por vir, caso da amplia��o de sede da Biblioteca Nacional.
Escava��es ainda redescobriram o cais do Valongo, mais importante ponto de entrada de escravos
das Am�ricas.
Foi marcante a alegria de minha mulher, que trabalha em Niter�i, ao contar a emo��o de passar pela primeira vez na via bin�rio, mesmo que isso represe demora adicional de quase meia hora em seu trajeto.
No tr�fego, a aloca��o de uma grande quantidade de agentes de tr�nsito tem minorado os problemas. Contudo, chama a aten��o a inefici�ncia da turma, numa mistura de falta de preparo, expressa pela dificuldade de comandar a ordena��o dos fluxos, com certa displic�ncia carioca, de quem n�o se importa de falar ao celular enquanto sinaliza para ve�culos e pedestres.
Ainda assim, a boa vontade � refor�ada por placas e telas espalhadas pelo centro, dando os recados: "use o transporte p�blico", "carona solid�ria", "ajude o Rio" etc.
Tomara que mais � frente isso se converta num esfor�o (educativo e punitivo) de respeitar as leis de tr�nsito, cuja defici�ncia contribui para piorar a confus�o. Afinal, � contagiante o conclame aos cidad�os para que fa�am um esfor�o visando mitigar os transtornos da transi��o.
O caso mostra dificuldades e desequil�brios do desenvolvimento.
A busca de uma nova forma superior de organiza��o, com saldo positivo para todos, exige mexer com os confortos individuais existentes. Por exemplo, deixar o carro em casa para ir trabalhar � parecido com ter que pagar mais (infla��o) e passar a arcar com todos os direitos trabalhistas para contratar uma empregada dom�stica.
Al�m disso, fazem diferen�a as qualidades da educa��o e das institui��es. Em Barcelona, a revitaliza��o portu�ria, marco da prepara��o da Olimp�ada de 1992, deve ter sido mais f�cil por contar com agentes de tr�nsito mais eficientes e uma popula��o que respeita as leis de tr�fego, al�m de ter ocorrido num pa�s j� rico.
Entretanto, as defici�ncias n�o impedem que as coisas mudem. Desenvolver � sin�nimo de desenrolar, coisa que todos aprendemos a fazer no cotidiano, usando os recursos � disposi��o e visando criar novas capacita��es e tornar a vida melhor.
Fundamental � que a determina��o (ou a demanda) de sediar a Olimp�ada p�s o poder p�blico em movimento, preparando a cidade aos trancos e barrancos. Por�m o resultado � positivo.
A sociedade gosta e sente falta disso. Afinal, o Estado n�o � um inimigo externo, mas sim uma forma de organiza��o coletiva dos seres humanos.
� verdade que h� recursos federais sendo aplicados de maneira concentrada no Rio. O caminho do progresso, por�m, n�o � podar os investimentos e, sim, refor�ar os esfor�os nacionais em infraestrutura urbana, em especial de mobilidade, que, com prioriza��o e efici�ncia, devem servir de vetor do crescimento e do desenvolvimento, com os seus desequil�brios associados.
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Dedico a coluna � mem�ria de minha m�e, Jos�ngela, que estaria amando ver a cidade se embelezar.
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