� economista do BNDES. O artigo n�o reflete necessariamente a opini�o do banco.
Educa��o de jovens e adultos
A coluna passada tratou da educa��o brasileira, tendo como mote a divulga��o do Pisa 2012, a avalia��o internacional de estudantes. A conclus�o foi que, apesar do quadro ainda prec�rio, o Brasil tem avan�ado e deve continuar nessa trajet�ria.
Nesse sentido, a OCDE, organiza��o que re�ne os pa�ses desenvolvidos, destacou, por exemplo, a eleva��o do gasto p�blico com a educa��o, que, como propor��o do PIB, atingiu o patamar dos pa�ses ricos, por volta de 6%. No entanto, o gasto brasileiro por aluno corresponde a s� um ter�o do desses pa�ses. Afinal, a renda per capita nacional ainda � um ter�o da m�dia da OCDE.
Portanto, a economia precisa crescer (e mais rapidamente) para que o pa�s alcance um alto padr�o educacional. � isso que permitir�, por exemplo, aumentar os sal�rios dos professores para um n�vel que torne a profiss�o mais atraente.
� verdade que o gasto p�blico, visando a aperfei�oar o Estado de Bem-Estar Social, � uma forma de alavancar o crescimento. Ainda assim, h� limites fiscais para isso, o que exige estabelecer prioridades, que n�o s�o triviais.
O principal foco tem sido acertadamente melhorar a cobertura e o desempenho da educa��o b�sica, que envolve os ensinos fundamental e m�dio, al�m da infantil.
Em 2011, a Pnad mostrou que as pessoas de 18 a 24 anos tinham em m�dia 9,5 anos de estudo, enquanto de 30 a 39 anos a escolaridade m�dia era de 8,6 anos. Em 1995, esses indicadores eram, respectivamente, 6,7 anos e 6,4 anos, bem inferiores e mais pr�ximos.
Isso � resultado do esfor�o de universaliza��o da educa��o fundamental, realizado a partir dos anos 1990, e do ensino m�dio, em curso. Assim, os jovens de hoje t�m maior escolaridade e melhor desempenho que os de ontem. Em alguns anos, as crian�as de hoje ser�o jovens com indicadores ainda melhores.
Mas ainda � grande o contingente de jovens adultos que continua ficando pelo caminho na trajet�ria escolar. Em 2012, 32,3% da popula��o de 18 a 24 anos n�o estava mais estudando, mesmo sem ter conclu�do o ensino m�dio. Entre os 20% mais pobres, eram 53,8%. Mesmo entre os 20% mais ricos era de 10,2%.
Em 2011, somente 45,8% das pessoas com 15 anos tinham conclu�do, na idade prevista, o ensino fundamental. Tolerando alguns anos de atraso, o percentual de jovens com ensino fundamental completo sobe para 71,2% aos 17 anos e 77,9% aos 18 anos. Claro, isso impacta o ensino m�dio: apenas 34,4% da popula��o de 18 anos o tinha terminado. Com 20 anos de idade (dois anos de atraso escolar), esse n�mero vai a 57%. Depois, fica mais dif�cil persistir estudando. Entre os jovens de 24 anos, 61,1% tinham terminado a educa��o b�sica.
Ainda assim, a evolu��o � substancial. Em 1995, s� 25,9% dos jovens de 24 anos tinham conclu�do o ensino m�dio. Em 2003, 45,7%. Como a educa��o b�sica deve seguir melhorando, haver� nas pr�ximas d�cadas mais ganhos tanto nesses indicadores de fluxo escolar quanto nos de desempenho.
A quest�o �: como lidar com os quase 40% dos jovens adultos que ainda ficam para tr�s? Tais pessoas enfrentam dificuldades de inser��o qualificada no mercado e precisam completar os estudos em cursos t�cnicos ou no EJA, programa que propicia educa��o b�sica fora de fase a jovens e adultos (da� a sigla).
O problema � que o n�mero de matriculados do EJA tem ca�do aceleradamente. No equivalente ao ensino fundamental, foi de 3,3 milh�es em 2007 para 2,5 milh�es em 2012. No m�dio, de 1,6 milh�o para 1,3 milh�o no mesmo per�odo.
O �ndice de egressos tampouco � bom. Em 2012, s� 430 mil se formaram no fundamental, enquanto 360 mil conclu�ram o ensino m�dio.
� poss�vel arriscar causas para as dificuldades do EJA. Como n�o faz parte do Ideb, o programa sofre com a falta de prioridade por parte de governadores e prefeitos que querem melhorar seus resultados. Os valores repassados por aluno via Fundeb para o EJA s�o menores que os repassados a outras modalidades.
Ademais, costumam ser usadas instala��es de escolas regulares, que ficam nos bairros, perto de seus principais usu�rios, as crian�as e os adolescentes, mas distantes do trabalho dos adultos, muitos dos quais em raz�o das dificuldades de mobilidade urbana, entre outras coisas, acabam desistindo do programa.
O EJA precisa de revis�o e mais investimentos.
Feliz Natal e um �timo 2014 a todos! Volto em janeiro.
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