� economista do BNDES. O artigo n�o reflete necessariamente a opini�o do banco.
A educa��o brasileira e o Pisa
A coluna retrasada discutiu a rela��o entre educa��o e produtividade. A conclus�o foi que os problemas da primeira n�o s�o uma restri��o t�o severa ao aumento da �ltima, ao menos em horizontes mais curtos, pois o principal mecanismo de ganho de produtividade � o investimento, que depende da demanda.
Contudo, al�m de ter efeitos de longo prazo sobre a produtividade, a educa��o � antes de tudo uma miss�o civilizat�ria, que por si s� melhora a qualidade de vida.
Nesse sentido, saiu na semana passada o resultado do Pisa de 2012, a avalia��o internacional de estudantes. O Brasil continua na rabeira, mas persiste melhorando.
O relat�rio da OCDE, que re�ne os pa�ses desenvolvidos e alguns outros, aponta que a nota brasileira em matem�tica subiu de 71,2% da m�dia da OCDE em 2003 para 79,15% em 2012, maior ganho entre todos os pa�ses. Nesses anos, a matem�tica foi o foco do exame. Tamb�m � destacado que o Brasil teve melhoras relevantes em leitura e ci�ncias.
Mais importante, esse ganho se deve principalmente � eleva��o das notas dos estudantes de pior desempenho. Parte disso se deve aos avan�os nas condi��es socioecon�micas desses alunos, o que favorece a tese da coluna retrasada de que o desenvolvimento melhora a educa��o.
� dif�cil avaliar uma situa��o que se move a partir de um desastre, como � o caso da educa��o no Brasil. Um pessimista pode dizer que a foto continua ruim e um otimista facilmente aponta melhoras.
Entretanto, h� raz�es para acreditar que o Brasil continuar� melhorando.
O gasto p�blico com educa��o no Brasil cresceu de 2005 a 2010 de 4,5% para 6,1% do PIB, praticamente toda a eleva��o na educa��o b�sica, segundo dados oficiais. Esse � um indicador consagrado de esfor�o, por�m � claro que os indicadores de resultado tamb�m s�o relevantes.
O Pisa � feito com alunos de 15 anos, com at� dois anos de atraso escolar. Nessa idade, o Brasil ainda n�o terminou o esfor�o inclusivo. Em contraste aos 98% de abrang�ncia do ensino fundamental, a Pnad aponta que em 2012 a frequ�ncia escolar da popula��o de 15 a 17 anos foi de 84,2%, sendo que 56,4% estavam, como deveriam, no ensino m�dio regular.
Seguir na universaliza��o � crucial e precisamos acelerar tal processo: em 2005, essa frequ�ncia era de 81,7%, com 48,3% no ensino m�dio. Mas, como ela ocorre entre os alunos mais vulner�veis, de in�cio o resultado no Pisa � prejudicado. Assim, Andreas Schleicher, coordenador do Pisa, ressaltou que o caso brasileiro � not�vel por conjugar melhora no desempenho com inclus�o de alunos.
Outro indicador importante � o Ideb (�ndice de Desenvolvimento da Educa��o B�sica). Instrumento de avalia��o e planejamento, criado em 2005 pelo governo federal, o Ideb � mais abrangente que o Pisa, n�o s� testando o conte�do como tamb�m controlando o fluxo dos alunos. Para ser bem avaliada, uma escola precisa conjugar boas notas de seus estudantes com baixa reprova��o.
O Ideb dos alunos do 5� ano do ensino fundamental est� crescendo mais que o dos estudantes do 9� ano. Isso � o esperado porque os mais novos frequentaram a escola desde o in�cio sob a �gide do Ideb. Ao fazerem o Pisa daqui a alguns anos, provavelmente ter�o resultado melhor.
Isso n�o significa que tudo est� equacionado. Por exemplo, numa decis�o contr�ria ao sentido de suas pol�ticas como ministro da Educa��o, o prefeito Fernando Haddad acabou com os ciclos escolares no ensino fundamental, cedendo � press�o de professores e de pais de alunos, preocupados com o real aprendizado de seus filhos na aus�ncia do risco anual de
reprova��o.
Por�m a avalia��o pedag�gica indica que essa reprova��o atrapalha o fluxo escolar, levando alunos a abandonar os estudos. O ponto � que a aus�ncia de reprova��o anual n�o deve eximir a escola de fazer provas regulares para que as defici�ncias de cada aluno sejam identificadas e passem a ser alvo de aulas de refor�o, evitando que estudantes fiquem para tr�s no aprendizado.
Isso exige intensificar o esfor�o pedag�gico e o investimento p�blico, sendo um dos caminhos cr�ticos para a melhoria da educa��o.
H� ainda problemas como os relacionados � dificuldade de melhorar a qualidade dos professores e tornar a profiss�o mais atraente, discutido na coluna "A miss�o da educa��o", de 06/06/2013, e �s desigualdades regionais na educa��o.
Sigo no tema semana que vem.
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