� economista do BNDES. O artigo n�o reflete necessariamente a opini�o do banco.
C�mbio e desenvolvimentismo
O d�lar voltou a ser cotado abaixo dos R$ 2,20. Ainda assim, mirando a infla��o de 2014, o Banco Central n�o deixou de lado os instrumentos usados desde agosto para conter a deprecia��o acelerada da moeda brasileira.
A revaloriza��o do real p�e em destaque a estrat�gia de crescimento brasileiro da �ltima d�cada. N�o � toa, o c�mbio foi o foco do 10� F�rum de Economia da FGV-SP, no in�cio do m�s, que discutiu como promover o desenvolvimento industrial para que o pa�s consiga dobrar a renda per capita em 15 ou 20 anos.
Na �ltima d�cada, o esfor�o de inclus�o social fez do pa�s um dos principais mercados em expans�o do mundo. No entanto, a ind�stria de transforma��o tem perdido participa��o no PIB.
O principal motivo foi a valoriza��o cambial, que prejudica as exporta��es e incentiva a importa��o de componentes, pe�as e partes usados nos bens de consumo dur�veis, al�m de bens intensivos em trabalho.
A quest�o-chave � como compatibilizar os avan�os da demanda e da oferta. Nesse sentido, o debate na FGV-SP foi em torno de distintas vis�es desenvolvimentistas acerca do papel da ind�stria e da taxa de c�mbio.
O chamado "novo desenvolvimentismo", cujo n�cleo formulador est� na pr�pria FGV-SP, aponta que pa�ses que contam com grandes dota��es de recursos naturais costumam ter uma tend�ncia � aprecia��o cambial.
Os ciclos s�o determinados pelo balan�o de pagamentos. Quando h� crise, a economia entra em recess�o e a moeda local se desvaloriza violentamente.
Por�m, a dota��o de recursos naturais permite que as vendas externas se recuperem e valorizem o c�mbio. A aprecia��o continua mesmo quando h� d�ficits correntes porque a manuten��o de juros elevados atrai capitais externos para financi�-los enquanto for poss�vel, isto �, at� que outra crise se estabele�a.
Tal tend�ncia cria pesados desincentivos � atividade industrial e ao crescimento. O c�mbio valorizado tende a direcionar os recursos externos para o consumo de bens importados, em vez de ser usado para financiar o investimento. A ind�stria de transforma��o local perde competitividade global, deixando de exportar e, assim, de manter um padr�o global de atualiza��o tecnol�gica.
Assim, o c�mbio deve ser administrado para se manter no n�vel do "equil�brio industrial", capaz de orientar investimentos para a exporta��o e levar as empresas locais a usar as melhores t�cnicas dispon�veis.
O problema � que a estrat�gia sugere uma "parceria" desequilibrada entre capital e trabalho. H� uma aposta no crescimento puxado pelas exporta��es, mas isso exige grandes sacrif�cios em termos de redu��o da renda real dos trabalhadores e tem resultados duvidosos, em especial num mundo em estagna��o.
Al�m disso, haveria pesados custos na transi��o para tal regime. Para mitigar os efeitos inflacion�rios de uma deprecia��o cambial de cerca de 50% (segundo estimativa do economista
Jos� Luis Oreiro, com isso o c�mbio atingiria o n�vel de equil�brio industrial), o rem�dio seria o ajuste fiscal, o que agravaria os danos aos trabalhadores ao comprometer o crescimento imediato e ao reduzir a disponibilidade de recursos adicionais para melhorar os servi�os p�blicos.
Outra corrente, que pode ser chamada de social-desenvolvimentismo, cujo n�cleo vem da Unicamp e da UFRJ, enfatiza o consumo massivo: o mercado interno e a inclus�o social devem continuar sendo os vetores do crescimento.
Evidentemente, a amplia��o da presen�a externa das empresas brasileiras -pelo aumento de sua participa��o nas exporta��es mundiais ou via investimentos externos das empresas de capital nacional- n�o � necessariamente dicot�mica com a amplia��o do mercado interno.
Mas a conquista de mercados internacionais n�o deve ocorrer pela explora��o de m�o de obra barata. O papel do mercado externo � subsidi�rio. Visa a conferir sustentabilidade ao balan�o de pagamentos e a expor as empresas nacionais � competi��o global, induzindo o uso de atividades e iniciativas mais nobres -por exemplo, a inova��o e a internacionaliza��o- como forma de obten��o de lucro.
Para tanto, um c�mbio mais depreciado � importante, mas bem abaixo do patamar de R$ 3,50, estimado para o "equil�brio industrial". Nesse caso, uma regra pr�tica � atualmente proveitosa para um ajuste gradual: evitar que o c�mbio se valorize.
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