� economista do BNDES. O artigo n�o reflete necessariamente a opini�o do banco.
Reindustrializa��o
A Fiesp realizou no dia 26 passado o semin�rio "Reindustrializa��o do Brasil", cujo objetivo foi debater estrat�gias para dobrar a renda per capita brasileira num prazo de 15 ou 20 anos, fazendo o pa�s entrar no rol das na��es desenvolvidas.
A grande virtude foi chamar a aten��o para o papel que a ind�stria precisa ter para que um pa�s populoso como o Brasil se torne desenvolvido. Entre os palestrantes estavam pessoas de distintos interesses pol�ticos e cren�as econ�micas.
Aparentemente, houve um consenso de que a ind�stria � fundamental porque � a principal geradora e difusora das inova��es e dos ganhos de produtividade. Se o pa�s estiver caminhando para esse consenso, n�o � pouca coisa.
Desde os anos 1990, � comum a cren�a de que o Brasil deve seguir caminhos como o da Austr�lia, raro caso de pa�s que se desenvolveu sem ind�stria relevante. Como o Brasil, tem grande dota��o de recursos naturais, mas com uma popula��o que � uma pequena fra��o da brasileira.
Entretanto, como esperado, h� grande diverg�ncia em termos de receitas. Edmar Bacha, por exemplo, deseja que a prote��o tarif�ria seja substitu�da por um c�mbio mais desvalorizado, de forma que uma nova rodada de abertura comercial represente um choque de competitividade para a ind�stria. O ajuste fiscal deveria garantir as condi��es para reduzir a carga tribut�ria.
Bacha cr� que o Brasil est� numa armadilha da renda m�dia: n�o tem m�o de obra barata e tampouco tecnologia de ponta como fontes de competitividade global.
Yoshiaki Nakano ressaltou os riscos dessa estrat�gia sem um faseamento. Antes de abertura comercial, � preciso controlar os fluxos de capitais para ter uma pol�tica monet�ria mais
flex�vel capaz de impedir novas revaloriza��es do real. Para tanto, Nakano concorda com Bacha que � preciso controlar o gasto p�blico como forma de garantir que a infla��o se mantenha sob controle.
Ambas as abordagens centram as solu��es para a ind�stria na macroeconomia. Bresser-Pereira -ainda que destacando que os instrumentos mais protecionistas de pol�tica industrial, como subs�dios e tarifas elevadas, foram eficazes no passado- concorda que hoje a exig�ncia de integra��o exige abordagem macro, com juro baixo e c�mbio depreciado.
Houve vozes dissonantes. Julio Sergio de Almeida destacou que n�o � a prote��o que faz a ind�stria ser pouco competitiva. Ao contr�rio, a falta de competitividade leva ao protecionismo.
Mariano Laplane lembrou que a abertura comercial sem pol�tica anterior de competitividade � algo que j� foi feito e deu errado.
De fato, atualmente as regras de com�rcio internacional tornam mais dif�cil a concep��o de pol�ticas industriais. Antes, a prote��o � ind�stria dom�stica e a concess�o de subs�dios contra metas de exporta��o eram instrumentos eficazes para fazer uma ind�stria nascer e ganhar competitividade global.
Para o Brasil, a situa��o � ainda mais complicada, pois a pol�tica industrial concorre por recursos com a necessidade de aumentar os gastos com os servi�os p�blicos.
Por outro lado, o Brasil � um dos principais mercados em expans�o. O pa�s ampliou consideravelmente a oferta de incentivos para inova��o na �ltima d�cada. A atividade cient�fica � significativa. � preciso converter isso em produ��o local de bens e servi�os e num uso mais intenso de inova��es para buscar o lucro.
C�mbio mais desvalorizado e padr�o mais baixo de juros ajudam. Entretanto, a pol�tica industrial n�o pode ficar subordinada � macroeconomia ou apenas a iniciativas transversais, como reforma tribut�ria e investimentos em infraestrutura.
Por exemplo, a atra��o de investimentos externos, meio c�lere para a substitui��o de importa��es, n�o pode depender apenas da imagem do pa�s, de sua estabilidade e de seu ambiente de neg�cios. Esse esfor�o � feito caso a caso, negociando condi��es e incentivos para trazer os investimentos para o Brasil.
As empresas nacionais precisam produzir coisas novas. Para tanto, � fundamental a participa��o do Estado, via participa��es acion�rias, compras p�blicas ou por investimentos em firmas iniciantes de base tecnol�gica. H� riscos. Por�m, sem corr�-los, ficaremos presos a uma armadilha, que n�o � a da renda m�dia, mas a de ser apenas fornecedor global de recursos naturais.
Compromissos e f�rias far�o a coluna parar por algumas semanas.
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