� economista do BNDES. O artigo n�o reflete necessariamente a opini�o do banco.
Preocupa��es ambientais
A coluna passada angariou simpatia de ambientalistas em raz�o da sugest�o de acelerar a diversifica��o da matriz el�trica e por ter levado em conta fatores extraecon�micos ao discutir as hidrel�tricas na Amaz�nia.
Hoje, fa�o um contraponto. A preocupa��o ambiental tem sido bem �til para nos ensinar pr�ticas que diminuem os desperd�cios. Nos �ltimos anos, aprendi coisas que favorecem o uso racional da �gua e contrariam a educa��o que recebi na inf�ncia, como reduzir o n�mero di�rio de descargas sanit�rias.
Tamb�m sobre pol�ticas p�blicas o ambientalismo tem dado contribui��es, por exemplo, ao reivindicar o desenvolvimento de fontes limpas de eletricidade e a intensifica��o da conserva��o de energia.
Mas h� algo perturbador na atua��o de parte do movimento ambientalista no que se refere ao que fazer sobre o aquecimento global.
N�o se costuma duvidar de que as temperaturas subiram. A causa pode ser a a��o humana -que desde a Revolu��o Industrial usa os recursos naturais de forma quase exponencial, provocando pesados danos ambientais, como emiss�es de CO₂ e desmatamentos- ou ser fen�meno aleat�rio, que se dissipar�.
A maioria dos cientistas advoga que a a��o humana foi decisiva. Sou f� da ci�ncia, mas a hist�ria mostra que seu discurso � incapaz de dar conta de tudo que h� no mundo, tornando-se por vezes dogm�tico.
Se � verdade que a Revolu��o Industrial mudou a escala da interven��o humana sobre o planeta, tamb�m � certo que a natureza � t�o maior e mais poderosa que a humanidade que tenho d�vidas sobre o que est� realmente ocorrendo.
Ademais, vale lembrar que, diante de um conhecimento por natureza incerto, cada um acredita no que quer. Por exemplo, como a maioria, entendo e aceito a moderna descri��o do Sistema Solar, mesmo s� a visualizando por desenhos. Logo, n�o � despropositado dizer que a cren�a no heliocentrismo vem em parte de minha simpatia pela coragem de Cop�rnico e Galileu e pelas implica��es da derrocada do geocentrismo, que enfraqueceu a igreja e fortaleceu as liberdades.
Assim, prefiro n�o limitar os planos para o crescimento do Brasil. Nesse ponto surgem minhas diverg�ncias com o ambientalismo radical. Certos de que a Terra virou uma Sodoma e Gomorra do consumismo, militantes pressionam contra projetos cruciais para o crescimento sustentado, como as hidrel�tricas.
A gera��o h�drica � considerada limpa, pois emite quantidades �nfimas de CO₂. Mas sua implanta��o causa danos. Para compens�-los, os investimentos socioambientais em projetos de hidrel�tricas no pa�s s�o de 10% do total, n�vel atingido gra�as �s press�es de ambientalistas e movimentos sociais. Por�m muitos militantes n�o est�o satisfeitos.
A insatisfa��o � natural num movimento que iniciou suas reivindica��es em grande desvantagem, quando o uso de combust�veis f�sseis j� havia mudado sobremaneira a forma de ocupar o planeta.
Ainda assim, um grave problema surge quando n�o se oferece op��o ou se prop�em coisas por demais gen�ricas, por exemplo tomando a conserva��o de energia como panaceia. A preserva��o ambiental vira uma causa estagnacionista, que acaba defendendo congelar a pobreza.
� dif�cil que pa�ses como a China e o Brasil abram m�o de buscar padr�o de consumo pr�ximo ao dos desenvolvidos e � improv�vel que a maioria, se a renda permitir, deixe h�bitos como viajar de avi�o e comer carne frequentemente.
Quer dizer, o ambientalismo extremista est� fadado ao fracasso, mesmo se estiver certo. A sa�da poss�vel � desenvolver tecnologias mais eficientes ambientalmente, como as energias solar, e�lica e por biomassa e os ve�culos el�tricos.
A energia e�lica � um bom exemplo: seu custo vem se tornando competitivo, embora sua qualidade ainda sofra com as oscila��es dos ventos, exigindo novas tecnologias para poder aumentar sua participa��o na matriz energ�tica.
Para tanto, � preciso regular os mercados e crescer, de maneira que empresas e governos tenham recursos (demanda) para desenvolver tais tecnologias.
Enquanto isso, seria bom combinar regras. Por exemplo, quem n�o gosta de um projeto de hidrel�trica precisa especificar alternativas vi�veis que servir�o de compensa��o. S� protestar n�o basta, pois, sem energia, n�o � poss�vel crescer e incluir mais pessoas. E isso n�o pode estar em disputa.
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