� professor de hist�ria e deputado estadual do Rio. Presidiu as CPIs das Mil�cias, em 2008, e do Tr�fico de Armas e Muni��es, em 2011. Foi candidato a prefeito do Rio em 2012.
Paulo Freire
Nada mais ideol�gico do que negar a ideologia. Por isso as propostas do movimento Escola Sem Partido (ESP) s�o uma arapuca armada para pegar o senso comum. A come�ar pelo nome de batismo.
� evidente que escola n�o tem que ter partido. Essa obviedade n�o � anunciada � toa. � uma armadilha. Com ela, os ide�logos da proposta tentam esconder os seus reais prop�sitos: despolitizar a educa��o descolando-a do contexto social e cultural em que est� inserida. O alvo n�o � o proselitismo partid�rio, mas o pensamento cr�tico e a experi�ncia da pluralidade.
Quando menciono a cr�tica, n�o evoco o sentido negativo da palavra –ser contra algo–, como ela � comumente utilizada. Refiro-me � capacidade de analisar e formar opini�o de maneira aut�noma. Como escreveu Paulo Freire, os estudantes precisam aprender a ler o mundo. S� assim teremos uma educa��o verdadeiramente emancipat�ria e humana.
Trago o exemplo de Paulo Freire porque ele foi transformado no s�mbolo maior de doutrina��o pelos defensores do ESP, que odeiam sua obra mesmo sem conhec�-la.
Num semin�rio realizado em mar�o de 1996, na Universidade de Northern Iowa, nos Estados Unidos, ele alertou sobre a import�ncia do "testemunho da diferen�a e o direito de discutir a diferen�a" na educa��o.
"Qu�o bonito � para os estudantes acabar de ouvir um professor falar sobre utopia, criticando um discurso neoliberal, e ouvir, depois, outro defendendo o discurso neoliberal", disse. E h� quem prefira Alexandre Frota a Paulo Freire no Minist�rio da Educa��o.
O direito de vivenciar e discutir as diferen�as est� na mira do ESP, que inspirou projetos que tramitam na C�mara dos Deputados, em nove Assembleias Legislativas e pelo menos 17 C�maras Municipais.
O debate sobre quest�es de g�nero � um exemplo das reais inten��es e dos graves preju�zos que a proposta provocar� caso seja aplicada. Defensores do programa querem proibir as escolas de discutir o tema, t�o importante para desenvolvermos uma cultura de respeito aos direitos das mulheres.
Eles classificam o debate de g�nero como doutrin�rio. A mesma acusa��o foi feita ao Minist�rio da Educa��o por ter escolhido a viol�ncia contra a mulher como assunto da prova de reda��o do Enem em 2015.
N�o � � toa que o movimento ESP, fundado em 2004, s� ganhou for�a nos �ltimos dois anos. Ela � fruto de uma intoler�ncia crescente e cada vez mais violenta, um desejo de eliminar a diferen�a.
A aprendizagem n�o pode ser reduzida a um processo meramente t�cnico, banc�rio, de transfer�ncia de conte�do de professor a aluno. Educa��o � di�logo, desvendamento, experi�ncia e respeito � pluralidade. � de mais Paulo Freire que precisamos.
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