O economista Eduardo Avila, 25 anos, recém-formado pela UFRJ, está entre os finalistas do prêmio Jovens Campeões da Terra do Programa para o Meio Ambiente da ONU. Ele representa a organização social Revolusolar, que desenhou um projeto de uma cooperativa solar planejada para as comunidades da Babilônia e do morro Chapéu Mangueira, no Rio, para atender inicialmente 30 famílias.
O resultado foi divulgado na última segunda, 20. A competição da ONU apoia e estimula empreendedores com idade entre 18 e 30 anos com ideias para proteger ou restaurar o meio ambiente. Dos 35 finalistas, sete serão selecionados e receberão U$ 10 mil e apoio para o desenvolvimento do projeto.
A cooperativa solar da Revolusolar é um modelo energético sustentável economicamente. O projeto inclui as instalações de placas, a capacitação profissional de eletricistas e instaladores entre os residentes, para fazer a manutenção técnica, oficinas para as crianças e o sistema de financiamento para a expansão, a ser custeado pelo economia gerada com a substituição da energia elétrica pela solar.
O projeto todo foi orçado em R$ 300 mil. Nos últimos quatro meses, a Revolusolar conseguiu 60% do valor através da cessão das placas e do inversor, patrocinados por duas empresas chinesas em troca da exposição de suas marcas. A organização espera que os 40% restantes venham de doações no site.
Como funciona
As placas solares serão instaladas no telhado de 180 metros ² da associação de moradores da comunidade da Babilônia. Elas captam energia e jogam no sistema elétrico normal, gerando créditos para a cooperativa.
As famílias que aderirem ao programa seguem pagando uma parte da conta de luz para a empresa de energia local - a taxa de disponibilidade - e passam a pagar metade da conta habitual para a cooperativa. Se uma conta era de R$ 300,00, a família seguirá pagando R$ 100,00 para a companhia de energia local e R$ 100 para a cooperativa, tendo economia de R$ 100,00, um terço da conta.
A cooperativa recebe os R$ 100 por família e investe metade para financiar a expansão do sistema e metade para remunerar os trabalhadores que cuidam na manutenção das placas.
“A possibilidade de cooperativas solares existe desde 2015, quando veio a regulamentação 687 sobre a geração compartilhada de energia. Ela prevê a união de pessoas em acordo de solidariedade e uma usina centralizando as placas. As placas jogam energia no sistema e os créditos gerados são repassados entre os cooperados”, conta Eduardo.
“O que não havia era uma cooperativa solar sustentável, que permite a expansão, e em uma comunidade de baixa renda, numa favela como a Babilônia”, diz. A comunidade tem 5 mil habitantes, segundo levantamento dos moradores. O censo de 2010 apontava 2,3 mil. “O tamanho era compatível para um projeto piloto”, diz Eduardo.
“O Rio tem dois fatores que apontam para a adoção da energia solar: muita insolação e energia elétrica bastante cara. Além disso, os custos da instalação diminuíram nos últimos anos e o período de amortização passou para 3 a 4 anos”, conta.
A equipe envolvida no projeto está finalizando a formalização da cooperativa. Os projetos técnicos estão concluídos, e a execução da obra aguarda o fim do confinamento, para não expor os trabalhadores. A chamada para inscrição das famílias está prevista para agosto. Eduardo espera que em outubro o sistema esteja instalado.
A Revolusolar nasceu em 2015 e tem 40 voluntários em 12 equipes distintas. Eduardo, diretor executivo, e Juan Cuervo, se dedicam integralmente à organização. O projeto já foi premiado pelo programa de aceleração de negócios de impacto no setor de habitação “Lab Habitação: Inovação e Moradia”, e pelo programa internacional de financiamento à inovação "Climate Finance Lab".
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.