Mara Gama

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Empresas criam maior monitoramento privado da biodiversidade do país

Veracel e Suzano integram metodologias para mapear flora e fauna de área de 857 mil hectares da mata atlântica

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Ainda em 2020 deve estar disponível para pesquisadores independentes, academia, organizações de proteção ambiental e órgãos do governo um grande acervo de dados de parte importante da biodiversidade brasileira.

Ele é alimentado pelo maior monitoramento privado do país, que começou a ser feito em agosto de 2019.

Os resultados desse monitoramento podem atrair recursos para outras pesquisas, difundir conhecimento mais profundo sobre as riquezas da região e alimentar ações necessárias para manter a floresta em pé.

O projeto é das empresas do setor de celulose e papel Veracel e Suzano. Elas uniram suas metodologias e padronizaram formas e periodicidade de levantamento para acompanhar mamíferos de médio e grande porte, aves e vegetação arbustiva e arbórea de um território de 857 mil hectares, com 26 áreas de Alto Valor de Conservação (chamadas de AAVs), numa faixa dos Estados da Bahia, de Minas Gerais e do Espírito Santo.

A área abrange o corredor central da mata atlântica, território que possui grande riqueza biológica e abriga espécies de distribuição restrita e ameaçadas de extinção. Inclui as chamadas Costa dos Descobrimentos e Costa das Baleias. 

A ave Uiraçu, com penas brancas na parte superior e brancas na inferior, observa o horizonte enquanto descansa em um resto de árvroe
Ameaçado de extinção, o Uiraçu foi registrado numa das áreas de conservação da Veracel, no sul da Bahia - Jailson Souza/Divulgação

As duas empresas atuam no mesmo território e acompanham de forma independente os três grandes grupos da biodiversidade há mais de dez anos, para medir possíveis impactos do manejo de eucalipto em espécies que ocorrem em fragmentos significativos das áreas naturais onde têm suas instalações.

Agora, com o projeto Bamges (das siglas de Bahia, Minas e Espírito Santo), esperam refinar as informações e disponibilizar dados representativos para projetos de pesquisa, melhora de manejo, programas de conservação e a criação de políticas públicas para a preservação da biodiversidade da Mata Atlântica.

Na primeira fase, de três anos, o monitoramento será feito em duas campanhas por ano em cada área, uma na época das chuvas e outra na da seca, com uma equipe da Casa da Floresta, consultoria que desenhou a metodologia de padronização, composta por 24 pessoas, incluindo especialistas em mamíferos, aves e na flora da região.

O acompanhamento da vegetação é feito por parcelas fixas (a verificação periódica de um mesmo terreno), das aves por observação e dos mamíferos por câmeras trap, com o suporte de vários softwares de armazenamento e tratamento de imagens e sons.

“As duas empresas somaram forças para entender melhor o território em que atuam em toda a sua abrangência e o que podem proporcionar para a manutenção da biodiversidade”, diz Thaís Zuccolotto, analista de Meio Ambiente Florestal da Suzano.

Segundo Virginia Camargos, coordenadora de Estratégia Ambiental e Gestão Integrada da Veracel, o Bamges vai permitir comparar a situação de espécies em ambientes diferentes que possibilitam traçar planos mais acurados de proteção e manejo.

A avaliação contínua deve gerar importante legado para o setor florestal da região.

Ave de rapina rara

O Uiraçu é uma das seis espécies de ave de rapina oficialmente ameaçadas de extinção no Brasil. O exemplar da foto que ilustra a coluna foi visto recentemente numa das estações da Veracel em Porto Seguro, Sul da Bahia.

Segundo o ornitólogo coordenador do Observatório de Aves da Estação, Luciano Lima, a aparição pode indicar a existência de uma população da espécie na Costa do Descobrimento e “qualifica” a saúde e biodiversidade da floresta: por ser considerado como um “predador de topo”, sua presença indica que a floresta está saudável, com disponibilidade de presas de pequeno porte e de grandes árvores, onde pode construir seu ninho. 

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