Tamanha foi a surpresa da funcionária do SUS quando se viu diante de uma cidadã que chegou ao posto de saúde acompanhada de uma espécie de sommelier de vacinas, que ela insistia em chamar de vaccinelier. O tal especialista fez as recomendações abaixo.
AstraZeneca — “Elaborada pela Universidade de Oxford, essa vacina ainda é vista com certo preconceito por parte da população brasileira. A mesma população que encara ovo colorido de boteco. Não há nada mais deselegante do que torcer o nariz para uma vacina com 100% de eficácia comprovada para casos graves de Covid-19.
Em algumas pessoas, ela pode apresentar uma explosão de sensações contrastantes. A mais persistente é o alívio de estar sendo imunizado contra uma doença que mata 2.000 pessoas por dia no país. Já outras são mais voláteis, como dor de cabeça e febre. Um imunizante forte, encorpado, que harmoniza bem com uma sopa e um analgésico.”
Pfizer —“Essa é uma vacina bastante hypada, prestigiada no exterior e procurada nos postos de todo o Brasil. Mas nem todo brasileiro é fã desse exemplar. O presidente Bolsonaro nos privou de uma oportuna safra de 2020, mas não dá para levar a sério o julgamento de uma pessoa que homenageia torturadores e harmoniza pão francês com leite condensado.
Este é um imunizante consistente, porém suave, elaborado pela farmacêutica Pfizer, que apesar da forte tradição no ramo, ainda precisa trabalhar internamente algumas questões de autoestima. A vacina precisa ser conservada a temperaturas baixíssimas, geladas como o coração de alguém capaz de ignorar 81 emails.”
Coronavac —“Mais um exemplar injustamente atacado por Bolsonaro, que insistiu em rotulá-lo como 'a vacina de João Doria' e criou falso alarde sobre sua eficácia e seus efeitos colaterais.
De origem chinesa e produzida pelo Instituto Butantan, a Coronavac é uma vacina equilibrada, alegre e refrescante. Feita a partir do vírus cultivado em uma cultura de células e inativado a partir de processos químicos, sua composição única causa uma verdadeira festa de linfócitos no organismo. Harmoniza com um churrasco, preferencialmente servido após o tempo de inoculação da segunda dose.”
Apesar de contundentes, as recomendações do especialista não fizeram qualquer diferença, pois a melhor vacina é sempre a que está disponível.
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