� professor-doutor de Comunica��o Digital da ECA da USP. Trabalha com internet desde 1994. Hoje � consultor em inova��o digital.
O fim do smartphone
J� faz algum tempo que smartphones deixaram de trazer novidades. Cada novo aparelho � um pouco mais r�pido, um pouco maior, traz uma tela um pouco mais definida e uma mem�ria um pouco mais extensa do que a m�quina que o precedeu. At� mesmo a Apple, que j� foi sin�nimo de inova��o, hoje n�o lan�a produtos verdadeiramente novos.
A ind�stria da computa��o costuma sofrer grandes mudan�as a cada 15 anos. Minicomputadores tomaram o lugar de mainframes, foram substitu�dos por PCs independentes, que deram lugar a m�quinas conectadas � internet, que abriram caminho para os equipamentos m�veis usados desde a virada do s�culo. A cada nova descoberta, novas possibilidades deram impulso a experimentos inusitados e transformadores.
Hoje, que as m�quinas n�o precisam ser independentes, sua capacidade de processamento j� n�o � t�o essencial. Nos grandes data centers, respons�veis pelo que se convencionou chamar de computa��o em "nuvem", chips especializados e novos tipos de software garantem funcionalidades que nunca couberam –e talvez jamais caber�o– em um bolso.
� medida que a computa��o amadurece, seus equipamentos tendem a se especializar. Gen�rico e multitarefa, o bloco fino com duas c�meras e bot�es que servem para ligar, ir para a tela principal e controlar o volume, faz um pouco de tudo –mas nada direito. Ao contr�rio do tablet e do leitor de e-books, o smartphone ainda n�o parece ter encontrado o seu verdadeiro nicho.
A ind�stria aposta em novas ideias. Aparelhos modulares (como Project Ara e RePhone ) e telas dobr�veis ou male�veis (como este prot�tipo da Samsung ) chamam a aten��o, mas nenhuma parece inovadora o suficiente para sobreviver �s pr�ximas d�cadas.
O comunicador pessoal, assim como o fax ou o scanner, n�o dever� morrer. Mas certamente perder� sua primazia para uma s�rie de novos produtos. Dificilmente algum deles vender� milh�es de unidades por ano ou ser� usado por bilh�es de pessoas.
A tecnologia esteve, at� pouco tempo atr�s, centralizada nas m�quinas porque os espa�os eram anal�gicos. � medida que o ambiente � conectado e integrado, objetos tornam-se proativos, independentes e vers�teis.
Chegou a hora de levantar a cabe�a e abandonar as restri��es da telinha. Assistentes virtuais, como Alexa (Amazon Echo), Siri (Apple), Cortana (Microsoft) ou Google Now criam extens�es para que os aparelhos de bolso deixem de ser computadores individuais e passem a servir como chaves de acesso para o mundo h�brido.
Sensores conectados logo permitir�o a troca de informa��es entre os aparelhos mais comuns, como portas ou sapatos. O estudo dos dados coletados por eles, combinado com o conhecimento de h�bitos, a an�lise de locais e prefer�ncias e a previs�o de comportamentos, criar� intera��es ainda dif�ceis de se imaginar.
Tecnologia nasce grande e aparentemente in�til. Ao amadurecer, torna-se essencial e invis�vel. A pr�xima grande novidade em comunica��o m�vel n�o dever� ser um telefone. Servi�os integrados a contextos de computa��o vest�vel, ativados atrav�s de gestos e comandos de voz, dever�o ser os novos cliques. Os aparelhos "inteligentes" dever�o ser tantos que n�o far� sentido referir-se a eles como tal.
Da mesma forma que hoje n�o se fala mais em objetos industrializados, el�tricos, eletr�nicos ou digitais, pois � assumido que todos os novos produtos trazem essas caracter�sticas, a computa��o e a conex�o logo estar�o integradas �s casas, autom�veis e cidades, formando uma enorme rede, em que cada ponto servir� como centro. Poucas dessas novas m�quinas ter�o telas. N�o ser� preciso.
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