� professor-doutor de Comunica��o Digital da ECA da USP. Trabalha com internet desde 1994. Hoje � consultor em inova��o digital.
Dez coisas que voc� precisa saber a respeito de listas de dez coisas que voc� precisa saber
1. Listicles
Presentes nos rodap�s de praticamente qualquer not�cia e cada vez mais populares nas m�dias sociais, textos curtos no formato de listas e com algum n�mero cardinal em seus t�tulos parecem ter se tornado uma tend�ncia no jornalismo escrito. Popularizados por sites como o BuzzFeed e compartilhados por praticamente todo mundo, esses artigos na forma de listas assumem diversos g�neros. H� rela��es de melhores e piores, dicas, sugest�es de presentes, fatos que marcaram �poca, trivialidades bizarras, detalhes da vida �ntima de celebridades e outros petiscos do fast food jornal�stico. De t�o populares, esses textos ganharam at� um nome: "listicles", mistura de listas com artigos ("articles", em ingl�s).
2. Listas n�o s�o novidade
Revistas de variedades usam esse formato em suas capas h� d�cadas, compilando dicas de sexo, melhores restaurantes ou praias mais bonitas. Emissoras de r�dio e TV adoram comentar rankings de m�sicas, times, not�cias, fatos e fotos, principalmente nesta �poca do ano. O popular livro de auto-ajuda corporativo "Os sete h�bitos das pessoas altamente eficazes" n�o deixa de ser uma grande lista comentada. Em �ltima inst�ncia, at� as 95 teses de Martinho Lutero e os Dez Mandamentos s�o listas.
3. Listas promovem a curadoria da informa��o
Quando bem-feitas, ajudam seus leitores a ter uma ideia r�pida dos argumentos expostos e decidir se vale a pena ler o texto. � confort�vel seguir em uma leitura guiada, com claros pontos de refer�ncia, que pode ser interrompida a qualquer momento sem que se perca de vista os argumentos expostos. Podem n�o ser a melhor forma de estimular o racioc�nio, mas n�o deixam de ser pr�ticas.
4. Listas auxiliam a organizar a informa��o
Nunca se consumiu tanta informa��o, da mais variada qualidade, de forma t�o r�pida. Quando qualquer assunto pode ser facilmente desdobrado em t�picos relacionados, desviando o leitor de sua inten��o original, � preciso encontrar uma forma de criar contexto e sentido. Listas ajudam a mem�ria ao identificar por��es informativas de f�cil digest�o, entretendo seus leitores nas intermin�veis filas e salas de espera.
5. O formato estimula a colabora��o
Online, listas podem ser desenvolvidas de forma colaborativa, dando aos leitores maneiras adicionais de interagir com a informa��o. Conforme o contexto, listas podem apresentar um contexto mutante melhor do que muitas capas de revistas e primeiras p�ginas de jornais.
6. Listas podem fazer boas introdu��es
N�o se deve imaginar que listas sirvam para tudo, nem acreditar que substituam textos maiores para a forma��o da opini�o, mas n�o se deve negar seu valor para apresentar ou resumir temas. Ao entregar um volume limitado de informa��o, organizado de forma simples e direta, listas exercem uma fun��o parecida com a dos �ndices, ajudando o leitor a perceber se o autor do texto tem realmente algo a dizer, qual � sua abordagem e ponto de vista. Sob esse aspecto, s�o mais transparentes e menos prepotentes que muitos textos jornal�sticos. Listas n�o pretendem fazer a "cobertura completa" de um tema, podem ser eticamente neutras ou ter sua ideologia claramente identific�vel.
7. Mas listas tamb�m podem ser uma perda de tempo
Autores de listas �s vezes tentam enganar seus leitores com t�picos in�teis, simplesmente porque n�o tem argumentos em volume suficiente para chegar a um bom n�mero. Um dos truques mais comuns � o de anunciar que dir� alguma obviedade, diz�-la e repeti-la indefinidamente. Resumos e conclus�es tamb�m funcionam como bons enchedores de lingui�a.
8. Existem muitas listas ruins
Os cr�ticos ao formato (quase sempre) tem raz�o. Muitas listas prometem maravilhas que n�o ser�o entregues. Outras contam "novidades" que de novo n�o tem nada. Algumas resumem a informa��o em par�grafos t�o curtos que tornam imposs�vel o desenvolvimento de qualquer racioc�nio, enquanto outras nunca tiveram inten��o de ir al�m do superficial. Seus autores p�em a culpa na distra��o t�pica da Internet e da gera��o do Mil�nio, que seria incapaz de compreender qualquer argumento mais profundo do que t�picos em slides, mas isso n�o foi comprovado. Se o leitor tem alguma culpa, ela pode estar na vontade de saber um pouco de tudo, sem a disciplina necess�ria para se tornar um especialista. H� bons e maus profissionais em todas as �reas, e listas, por serem novas, ainda n�o desenvolveram regras de estilo consistentes.
9. Todos s�o culpados
Quem acha que h� listas demais, usadas para praticamente tudo, deveria parar de clicar nelas. A ind�stria de conte�do digital usa v�rias t�cnicas de mensura��o e an�lise de m�tricas, valorizando pe�as que tenham grande n�mero de cliques, pois essas aumentam a exposi��o de an�ncios, e consequente faturamento. Enquanto listas continuarem a gerar dinheiro, ningu�m de bom senso deixar� de us�-las.
10. Novas linguagens
Listas, como infogr�ficos, linhas do tempo, diagramas interativos e GIFs, podem servir como instrumentos narrativos, tornando o conte�do mais rico e participativo. Da mesma forma que hoje n�o h� quem duvide que v�deos ou entrevistas podem enriquecer hist�rias, nada impede que listas, bem usadas e oportunas, aumentem a compreens�o e cativem os leitores, agu�ando seu interesse e estimulando a forma��o de seu racioc�nio. O que n�o � nada mal.
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