� professor-doutor de Comunica��o Digital da ECA da USP. Trabalha com internet desde 1994. Hoje � consultor em inova��o digital.
Papo de m�quina
H� uma conspira��o entre as novas m�quinas, alheia � maioria de seus usu�rios. Discretamente, software e hardware est�o trocando uma ideia, por meio de aparelhos que combinam tecnologias de comunica��o, computa��o e baterias min�sculas para permitir a intera��o remota entre m�quinas e processos biol�gicos, f�sicos e qu�micos.
Pequenos sensores capturam temperaturas, localiza��es, n�veis de estoque, sinais biom�tricos, luminosidade, movimento, altitude, velocidade e praticamente tudo que puder ser medido por uma m�quina. Munidos de antenas ou chips de telefonia, transmitem os dados para um servidor, onde s�o traduzidos e analisados, gerando novas a��es.
Chamada de machine-to-machine communication (M2M), essa conversa entre m�quinas faz parte do cotidiano h� mais de 30 anos, na forma de c�digos de barras, sensores de seguran�a e uma infinidade de interfaces transparentes.
Alguns chamam essa nova revolu��o industrial de "internet das coisas", outros de "cidade inteligente". O princ�pio de sensores e comunica��o � o mesmo, e seu funcionamento � uma tarefa bem mais complicada do que pode sugerir a compra de brinquedinhos eletr�nicos.
Os sensores s�o a faceta mais vis�vel de um enorme sistema de integra��o tecnol�gica, que envolve roteadores, servidores, aplicativos, armazenamento na nuvem e "big data". Est� mais para uma nova forma de pensar a tecnologia do que para uma t�cnica, e seu impacto pode ser maior do que o da internet.
Como toda obra de infraestrutura, sua instala��o demanda regulamenta��es e protocolos de seguran�a, a come�ar pelas redes de comunica��o. As atuais redes de telefonia m�vel est�o sobrecarregadas com chamadas telef�nicas, tr�fego de dados e v�deo. N�o � vi�vel agregar a essa rede os 50 bilh�es de novos dispositivos que se imagina estarem conectados no mundo at� 2020, gerando cerca de 4 milh�es de novos terabytes de tr�fego.
Por isso muitos pensam em novas redes, usando frequ�ncias de r�dio inexploradas. N�o de pode esquecer que um servidor com 99,5% de confiabilidade ainda pode ficar quase dois dias fora do ar por ano.
Outro desafio � a integra��o. Os sensores de hoje usam diferentes padr�es, alguns usados simultaneamente. Essa Babel precisa ser decodificada. Ningu�m duvida que ser�.
Quando estiver em a��o, essa integra��o de m�quinas e intelig�ncia poder� ajudar a resolver boa parte dos grandes problemas de megal�poles como S�o Paulo. Empresas de eletricidade, saneamento e abastecimento podem usar sensores para evitar desperd�cios e sobrecargas. A condi��o das ruas, transporte p�blico e tr�nsito pode ser monitorada e corrigida rapidamente. V�rias a��es de governan�a, planejamento urbano e impacto ambiental poder�o ter ajuda de m�quinas.
� claro que isso envolve perda de autonomia. No melhor estilo fic��o cient�fica, a comunica��o entre m�quinas, associada a sistemas de intelig�ncia artificial, dever� ser programada para aprender novas solu��es a cada desafio, criando uma complexidade inimagin�vel.
Com o tempo, ser� inevit�vel que sua conversa desenvolva uma gram�tica pr�pria, incompreens�vel para n�s. Ao se comunicarem, as m�quinas evoluem e se transformam em uma esp�cie social. Como n�s.
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