� jornalista e consultor na �rea de comunica��o corporativa.
Um bom dia para recome�ar
Depress�o, cora��es partidos, relacionamentos bons e maus, injusti�a social, desvalidos e desesperados, exemplos de vida, a alegria de saber rir de si pr�prio, liberdades democr�ticas, sexuais e art�sticas, lamentos de morte, intoler�ncias e pluralidades, desalento sem nunca perder a f�, um olhar humilde mas generoso sobre a vida que nos cerca aqui, ali, acol�.
Essas sempre foram as inspira��es que me levaram a ocupar este espa�o aqui na Folha para meus textos desde julho de 2000. S�o quase 16 anos, quase 800 cr�nicas, quase uma vida. Meia vida da minha filha, quatro vezes a vida do meu neto, uma vida que ajudou a fazer a minha pr�pria vida valer a pena.
Da� a necessidade de recome�ar, n�o mais na se��o destinada aos colunistas da Folha, mas sim, agora, no Blog do Caver.
Minha m�e, que Deus a tenha, me chamava de Luiz Carlos quando estava brava comigo, e eu morria de medo. Meus amigos queridos me chamam de Caver, da� o nome e a inten��o do novo espa�o na internet que passo a ocupar, porque, afinal, o que ser� da vida sem amigos?
Amigos, conhecidos e nem tanto, que tantas e tantas vezes procuraram na coluna, que assino agora pela �ltima vez aqui na Folha, um alento para enfrentar o "mal do s�culo", a depress�o, doen�a com a qual eu mesmo aprendi a conviver depois de um surto no final dos anos 90 e a partir de quando passei a estudar o assunto. Aprender e compartilhar...
Nos primeiros tempos, as pessoas, assim como eu mesmo, tinham vergonha de falar da sua depress�o, o desconhecimento imperava, o tema tabu assustava, e os "outros", al�m da vergonha alheia, ostentavam uma enorme ignor�ncia quando falavam daquela pessoa triste, desesperan�osa, abatida aparentemente sem motivo. Isso mudou bastante.
Tive o privil�gio, nestes anos todos, de aprender muito sobre o tema, me amparar em especialistas generosos que me orientaram, e assim colaborar para que o preconceito contra a depress�o –e contra o transtorno bipolar, a ansiedade, e outros desafetos contempor�neos– deixassem o canto escuro da sala e fossem para o centro de discuss�es, dos debates, das an�lises, no �mbito dos relacionamentos sociais adultos e consequentes.
Ainda h� muito a conquistar, mas estamos muito melhor do que h� uma d�cada e meia atr�s, e � preciso avan�ar.
Portanto, assim como os chamados transtornos afetivos, entre os quais se inclui a depress�o, todos os demais temas listados a� em cima estar�o presentes no blog que passo a construir agora.
� preciso, neste recome�ar, ir adiante, dizer o que precisa ser dito sobre essas pessoas que n�o se encaixam nos massacrantes padr�es da "normalidade", sobre a crian�a que mora na rua, a cidade que se autodevora, o homem mau e suas m�quinas destruidoras de cidadania, o homem bom e os alentos que nos proporcionam com seus exemplos; divulgar a ci�ncia, a tecnologia e o conhecimento, para que ele seja colocado a servi�o do que ainda nos resta (e n�o � pouco...) de humanidade.
� preciso, tamb�m, certamente, lembrar sempre para n�o esquecer nunca; lembrar de onde viemos, dos valores que nos constru�ram, lembrar de como era boa e linda a cidade que teimamos em tornar pior, de como ela pode ainda ser boa e linda, lembrar dos tempos sinistros da ditadura que marcou gera��es recentes, das mis�rias materiais e espirituais, e ter um olhar contextualizado sobre o pa�s que encontramos hoje � nossa frente.
O "pa�s do futuro" est� tragicamente dividido, e o s�mbolo maior disso � o muro montado na Esplanada dos Minist�rios, em Bras�lia, supostamente para conter o confronto entre manifestantes. Um muro vergonhoso que remete, n�o tem como, ao muro de Berlim, ao muro da fronteira M�xico-EUA, ao muro de Gaza e a todos os outros muros que foram erguidos e eventualmente vierem a s�-lo para separar, excluir, evidenciar concretamente a cis�o e o �dio que pode advir da simples diverg�ncia.
Sim, hoje � um bom dia para recome�ar, num novo endere�o, com as portas abertas para novos amigos. Apesar do cora��o apertado pelo tom beligerante em que o pa�s se encontra, ouso apostar no di�logo, na toler�ncia e na esperan�a.
Aos que quiserem compartilhar estes sentimentos, a partir de agora estarei no blogdocaver.com.br.
E vamos em frente.
Livraria da Folha
- Cole��o "Cinema Policial" re�ne quatro filmes de grandes diretores
- Soci�logo discute transforma��es do s�culo 21 em "A Era do Imprevisto"
- Livro de escritora russa compila contos de fada assustadores; leia trecho
- Box de DVD re�ne dupla de cl�ssicos de Andrei Tark�vski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade