� jornalista e consultor na �rea de comunica��o corporativa.
Depress�es natalinas
Hoje eu fui ao shopping e tirei uma foto com o Papai Noel.
Agora, fazendo as contas, penso que n�o tirava uma foto com um Papai Noel "de verdade" h� mais de 50 anos.
No ano passado levei meu neto para ver este mesmo Papai Noel neste mesmo shopping. Ele ficou ressabiado, olhou o homem barbudo de roupas vermelhas com o canto dos olhos e, com o direito adquirido em seus tr�s anos de idade, ensaiou um choro meio assustado.
Mas n�o chorou, porque logo nos afastamos da figura in�spita.
Pois hoje topei com o Papai Noel de novo. Sentadinho ali no seu trono, sozinho, � espera dos petizes (ainda se fala "petiz"?). Fui chegando perto e quando ele me olhou com sua barbona, criei coragem:
- E a�, Papai Noel, beleza?
- Tudo em cima...
- Era voc� que estava aqui no ano passado?
- Era eu mesmo, todo ano por aqui...
- Meu neto veio te ver no ano passado, mas ficou meio assustado...
- Traz ele de novo, quem sabe agora ele curte.
- Ah, infelizmente n�o vai dar, meu neto se mudou para o Canad�. Quer dizer, a m�e dele, minha filha, se mudou e o levou junto, claro.
- Ah, que pena.
- Mas que tal a gente tirar uma foto pra mandar pra ele?
- Maravilha!
- Ent�o vamos l�, selfie!
- Oi, Gabriel, um abra�o do Papai Noel...
- Obrigado, Papai Noel, at� o ano que vem!
- At�!
- Bom trabalho...
O que ser� um "bom trabalho" para um Papai Noel de shopping, sa� pensando enquanto mandava a foto pra m�e do Gabriel pelo zap-zap. Ser� que � ficar cercado de muitas crian�as (petizes...)? Ouvir pedidos bacanas? O ar condicionado estar bem bom pra aguentar o calor da roupa de veludo? Ou bastaria o sorriso que todo mundo invariavelmente abre quando se tem um Papai Noel pela frente?
Afinal, como gritam os reclames (reclames?!): � Natal!
A alegria, portanto, � obrigat�ria.
Mesmo que voc� ganhe um torrone de amendoim do seu "amigo" secreto, nada de reclama��o nem mau humor. Mesmo que a sa�de n�o ande l� essas coisas, que o emprego seja meia boca, que o sal�rio, �, que a pol�tica e a economia, u�, nada de reclamar, porque � Natal!
Deprimente...
Mas como ficar deprimido justo no Natal! Quando a festa, a comida, a bebida, a confraterniza��o universal precisam da participa��o de todos para se auto-justificar, e, principalmente, � preciso comprar, comprar, comprar nem que seja uma lembrancinha?
H� que se festejar, do jeito que for, da maneira que der, na base do tira sua tristeza do caminho que eu quero passar com minha alegria, mesmo que minha alegria seja for�ada, hip�crita ou dissimulada.
Afinal, � Natal, e bimbalham os sinos...
Livraria da Folha
- Cole��o "Cinema Policial" re�ne quatro filmes de grandes diretores
- Soci�logo discute transforma��es do s�culo 21 em "A Era do Imprevisto"
- Livro de escritora russa compila contos de fada assustadores; leia trecho
- Box de DVD re�ne dupla de cl�ssicos de Andrei Tark�vski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade