� jornalista e consultor na �rea de comunica��o corporativa.
Vamos falar dos professores maus?
Muito legal a iniciativa que rolou esta semana de tanta gente homenagear nas redes sociais velhos e queridos mestres no Dia do Professor, lembrando seus nomes, sua trajet�ria, hist�rias de vida, publicando fotos e relatando momentos felizes.
Bacana, no ano passado, tamb�m em outubro, eu mesmo relembrei e homenageei minha querida professora do primeiro ano prim�rio, cujo nome jamais esqueci, tanto bem ela me fez: Benedita C�lia Paparelli Leme.
Mas este ano n�o fiquei lembrando da Dona Benedita, n�o.
O que me veio � cabe�a, na verdade, foram sentimentos de outra natureza. Foram recorda��es daquele tipo que voc� gostaria de ter esquecido, mas que ficaram por aqui, grudadas.
P�ssimas recorda��es...
Que atire a primeira pedra quem n�o se lembra de um professor, seja em qual �poca de estudo for, que adorava infernizara a vida de seus alunos. Quem n�o conheceu um monstro da escola, autorit�rio, arrogante, que punia, perseguia, humilhava, traumatizava seus alunos, como se suas vidas estivessem –e em geral estavam mesmo– nas suas pr�prias m�os?
Em maior ou menor grau, quase todos n�s conhecemos, quando n�o fomos v�timas diretas, de um professor assim, malvado, punitivo.
Eu conheci v�rios, infelizmente que nada contribu�ram para a minha forma��o, muito ao contr�rio, e que por motivos diversos tinham como objetivo demonstrar a todo instante e por qualquer raz�o que odiavam aquilo que faziam –ensinar– e desprezavam aqueles a quem deveria se dedicar.
Conscientemente ou n�o, confundiam viol�ncia com disciplina e autoritarismo com rigor, para desespero de seus alunos.
A mais remota lembran�a vem do grupo escolar na Penha, que abrigava uma professora que foi minha felizmente por pouco tempo, meio ano apenas, tanto que n�o lembro seu nome. O "esporte" preferido da tal professora era dar belisc�es em quem ela julgava n�o estar prestando aten��o. N�o s�: crian�as de 10 anos levavam tabefes pelo simples fato de n�o responderem prontamente a uma pergunta, eram tamb�m colocadas de castigo e humilhadas na frente de todos por qualquer raz�o ela julgasse pertinente –uma camisa manchada, um bot�o aberto, por exemplo.
A r�gua era um contumaz instrumento de tortura e cumpria seu papel, ou ao menos o papel que a professora esperava dela: causava medo, subservi�ncia, verdadeiro pavor...
Mesmo repensando isso aqui agora, n�o consigo encontrar um �nico motivo para entender ou aceitar que ela pudesse ter feito algum bem para seus alunos.
Era odiada, e talvez gostasse disso.
O segundo da lista j� aparece no gin�sio, na Vila Granada, zona leste da cidade. Professor Ant�nio tinha um defeito f�sico que n�o merece ser mencionado, o qual n�o o impedia, no entanto, de arremessar coisas nos alunos.
Algu�m se mexendo na carteira, olhado pro lado ou falando com o colega? Na mesma hora explodia um giz na cabe�a do infeliz. Quando n�o era um l�pis que ele atirava, ou uma caneta, uma r�gua e o que mais encontrasse pela frente.
At� que um dia acertou um apagador de madeira num garoto e foi o maior fuzu�. O menino foi levado para a diretoria e, na volta, ficamos sabendo que ele ainda levou uma bronca do diretor, foi convencido a n�o mencionar o incidente em casa, e ficou tudo por isso mesmo. Detalhe: o "bondoso mestre" era sobrinho do diretor da escola, ele mesmo um professor tamb�m dado a explos�es incontrol�veis de raiva, no seu caso certamente estimuladas pela bebida que notoriamente consumia –vivia fedendo a �lcool.
Mais para a frente teremos, no Tatuap�, o inesquec�vel "mister Albert". Ah, este me vem aqui agora, na minha frente, em cores: norte-americano, janota, louro e sempre de palet� claro e gravata.
Um s�dico!
Um arrogante que n�o poupava atos e palavras para demonstrar todo o seu desprezo por n�s m�seros bo�ais ignorantes que teim�vamos em n�o conseguir aprender a �nica l�ngua no mundo que presta de verdade, obviamente a l�ngua dele...
Quanta persegui��o, quantos castigos, quantas notas injustas, porque n�o consegu�amos acompanhar a did�tica que ele n�o tinha ou captar os ensinamentos que ele n�o transmitia.
Eu sofria um bullying particular, porque tenho desde crian�a uma defici�ncia auditiva que dificultava (e dificulta ainda) enormemente a compreens�o de qualquer l�ngua estrangeira. E o mister Albert fazia quest�o de explorar este problema, expondo-o a toda a classe e me humilhando perante todos.
Nunca superei direito os traumas desta �poca, tanto que at� hoje tenho muita dificuldade com o ingl�s.
Este problema lingu�stico, diga-se, teve um "upgrade", digamos assim, j� na �poca da famosa faculdade, ent�o por conta de outra gringa, a famigerada Diana (Daiana, claro...).
Que peste!
Tratava-nos como se f�ssemos crian�as imbecis, ela tamb�m inconformada com a dificuldade do pessoal de aprender sua l�ngua, quando na verdade o que faltava a ela era compet�ncia e jeito para conquistar seus alunos, mostrar a eles o encanto que � a l�ngua de Shakespeare e o quanto ela nos seria �til e prazerosa. S� que n�o...
H� outros casos, como o do velho e rancoroso professor de jornalismo que tinha prazer em dar notas baixas para aqueles alunos que j� estivessem trabalhando em algum ve�culo (meu caso...), sua maneira de extravasar a frustra��o de nunca ter publicado nada de importante na vida...
Mas estes exemplos na verdade bem radicais bastam, servem de contraponto.
Sim, que bom lembrar dos grandes mestres que nos conduziram na escola da vida.
Mas que pena n�o poder "deletar" aqueles maus professores, ou professores maus, que infelizmente ca�ram no nosso caminho...
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