� jornalista e consultor na �rea de comunica��o corporativa.
Precisamos falar sobre o suic�dio
Todo mundo conhece uma hist�ria de suic�dio, quando n�o mais de uma.
� dif�cil encontrar uma fam�lia que n�o tenha, em algum de seus subn�cleos, o trauma causado por um parente que resolveu tolher a pr�pria vida.
Mas fala-se muito pouco de suic�dios.
Primeiro e principalmente porque � um assunto tabu, carrega, perante a sociedade, uma carga de vergonha e decep��o enormes, como se o ato de matar-se contaminasse pecaminosamente todos os membros de uma fam�lia.
Segundo porque h� uma conven��o n�o escrita, nos meios de comunica��o em geral, e sobre cuja efici�ncia tenho s�rias d�vidas, segundo a qual deve-se evitar noticiar suic�dios, porque se imagina que isso possa estimular outras pessoas a seguirem o mesmo caminho.
E quando se noticia –o homem se atirou no trilho do metr�, por exemplo, e o transtorno causado precisa ser relatado–, evita-se dar o nome ou outras refer�ncias que permitam identificar o cidad�o.
Mas h�, � claro, os casos em que n�o se tem pruridos, como o de pessoas famosas, quando o mau jornalismo se esbalda para aprofundar detalhes s�rdidos e �ntimos do morto e de sua fam�lia, em geral cometendo erros –como foi o caso do ator Robin Williams, que para muitos morreu por abuso de �lcool e drogas, quando na verdade ingeriu o suficiente de ambos para deliberadamente se matar.
Mas o fato � que se fala pouco sobre um desfecho que em geral tem come�o e meio antes de chegar ao fim. Segundo os muitos estudos dispon�veis, no mais das vezes o suicida emite sinais, revela, ainda que discreta e sutilmente, que est� a caminho da destrui��o. E em geral busca ou espera uma ajuda que acaba n�o vindo, da� o desfecho. Robin Williams, por exemplo de novo, abusou de �lcool e drogas por muito tempo, fugindo da depress�o, e este foi o sinal que emitiu ao longo de sua vida para dizer que ela, a vida, lhe era insuport�vel...
Por isso entidades como Organiza��o Mundial da Sa�de e Associa��o Internacional de Preven��o do Suic�dio fazem campanhas frequentes para que as pessoas passem a prestar aten��o nestes sinais emitidos por entes queridos que est�o isolados, deprimidos, doentes, fragilizados, carentes, desesperados, e como entend�-los.
Uma das campanhas que procura conscientizar as pessoas sobre este tema t�o desagrad�vel quanto importante � o Setembro Amarelo, que mobiliza ativistas em todo o mundo.
No Brasil, entidades como CVV (Centro de Valoriza��o da Vida), ABP (Associa��o Brasileira de Psiquiatria) e outras promovem ao longo deste m�s semin�rios, encontros, debates justamente para alertar para este problema.
Alertar para este problem�o, na verdade, porque o �ltimo relat�rio da OMS sobre o tema classificou o suic�dio como "um grande problema de sa�de p�blica" que n�o � tratado e prevenido de maneira eficiente. Segundo o documento, nada menos 804 mil pessoas cometem suic�dio todos os anos no mundo, sendo que o Brasil se encontra em oitavo lugar num ranking sinistro (11.821 mortes em 2012), em que o primeiro lugar fica com a �ndia (258 mil �bitos), seguido de China (120,7 mil), Estados Unidos (43 mil), R�ssia (31 mil), Jap�o (29 mil), Coreia do Sul (17 mil) e Paquist�o (13 mil).
Como se sabe, grande parte dos casos de suic�dio envolve pessoas com hist�rico de depress�o ou transtorno bipolar. Quem acompanha o tema ou vive esta realidade na pr�pria pele sabe muito bem como pode ser curto o caminho entre a treva e o limbo em que o deprimido ou bipolar frequentemente se encontra e a pior de todas as solu��es.
Por isso � preciso falar sobre o suic�dio, procurar interferir neste caminho macabro entre o desespero e o fim de todas as coisas, procurando ajudar no resgate dos que n�o entendem, n�o sentem que a vida merece, sim, ser vivida.
Se voc� quiser se informar mais sobre o tema indico os sites tanto do CVV quando da ABP.
Livraria da Folha
- Cole��o "Cinema Policial" re�ne quatro filmes de grandes diretores
- Soci�logo discute transforma��es do s�culo 21 em "A Era do Imprevisto"
- Livro de escritora russa compila contos de fada assustadores; leia trecho
- Box de DVD re�ne dupla de cl�ssicos de Andrei Tark�vski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade