� jornalista e consultor na �rea de comunica��o corporativa.
Uma nova luz sobre a depress�o
Recente artigo publicado em "The Atlantic" - uma das mais antigas, prestigiosas e bem feitas revistas do mundo - d� conta de que, finalmente, abre-se um novo caminho no combate � depress�o.
Depois de anos girando em torno de um certo tipo de medicamentos, os mais eficientes criados at� agora, diga-se, mas que n�o conseguiam avan�ar em muitos casos da doen�a, cr�nios do Instituto Nacional de Sa�de Mental dos Estados Unidos est�o a estabelecer um novo paradigma no enfrentamento deste que j� foi chamado de mal do s�culo (20), cuja hist�ria � t�o antiga quanto a da medicina e que s� muito recentemente tem permitido que seus portadores pudessem sair (ainda n�o totalmente...) da escurid�o do preconceito e do estigma em dire��o de uma vida mais digna.
At� agora, buscou-se medicamentos e terap�uticas que atacassem a depress�o como um todo, numa abordagem apelidada de "one size fit all", ou seja, algo "tamanho �nico" ou um s� tratamento para todo mundo com depress�o. O futuro, garantem os especialistas americanos, � detectar, abordar e tratar cada sintoma da doen�a especificamente.
Esta � uma grande novidade.
O novo sistema, criado pelo cientista Bruce Cuthbert, foi batizado de RDOC, sigla em ingl�s para Crit�rios de Dom�nio da Investiga��o, e surgiu do enfrentamento de uma constata��o mais ou menos �bvia, ou seja, a de que os tratamentos mais modernos da depress�o atacam todos os sintomas ao mesmo tempo, prioritariamente trafegando no campo dos neurotransmissores, de prefer�ncia atuando para aumentar a produ��o e/ou a circula��o da serotonina no organismo, para aumentar o bem estar do paciente.
Acontece que estes medicamentos, os chamados ISRS, ou inibidores seletivos de recapta��o da serotonina, nem sempre atingem o objetivo almejado, demonstrando que em muitos pacientes o problema n�o se restringe (ou n�o tem a ver mesmo com...) � serotonina.
Antes disso, uma outra constata��o sempre intrigou os cientistas, que � o fato de que diferentes pessoas com depress�o apresentarem sintomas diametralmente opostos. Como tratar com o mesmo rem�dio algu�m que vive com sono e algu�m que tem ins�nia permanente, algu�m que come descontroladamente e engorda e algu�m que perdeu completamente o apetite e emagrece, uma pessoa que passa o dia todo muito triste e outra que alterna momentos de tristeza profunda com outros de perfeita normalidade?
Numa defini��o para leigos, Cuthbert disse � "Atlantic" que encarar todas estas pessoas da mesma maneira seria como "comparar ma��s, peras e tangerinas..."
Ao enxergar cada "fruta" com suas propriedades e caracter�sticas espec�ficas, este sistema pretende justamente avan�ar na individualidade de problemas que n�o t�m sido satisfatoriamente solucionados.
Por exemplo, pacientes com depress�o profunda respondem bem aos medicamentos � base de ISRS, enquanto portadores de transtornos leves n�o melhoram. Pior: em muitos casos _ como foi o meu pr�prio, anos atr�s - n�o s� o problema n�o se resolve, com surgem diversos outros, provocados pelos efeitos colaterais de medicamentos como Prozac ou Zoloft etc.
Como tudo nesta �rea, as coisas n�o andam muito depressa, mas a mudan�a de conceito no seio de uma institui��o t�o importante como a entidade americana � muito significativa,
O que � mais emblem�tico para mim, que por interesse pr�prio acompanho este tema h� quase duas d�cadas, � que esta abordagem se aproxima muito, conceitualmente, de um sentimento absolutamente comum aos deprimidos, que � o de que seu mal � particular, �nico, pessoal, espec�fico, profundo e aparentemente sem solu��o.
Talvez, afinal de contas, n�o seja...
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