� jornalista e consultor na �rea de comunica��o corporativa.
Desculpas, dona Dilma
Cara dona Dilma,
dirijo-me � senhora Dilma Rousseff pessoa f�sica mesmo, n�o � presidente do meu pa�s, e chamando-a de dona porque foi assim que aprendi a me dirigir a pessoas do sexo feminino que j� tenham uma certa idade e sejam m�es ou av�s de fam�lia.
E sabe onde aprendi como me dirigir educadamente a quem quer que seja, mas principalmente �s senhoras?
Foi na zona leste, dona Dilma, l� mesmo pras bandas do est�dio em que a senhora foi t�o rude e desrespeitosamente tratada na �ltima quinta-feira.
Tendo nascido e sido criado naquele cant�o da cidade e conhecedor da �ndole daquele povo todo, dona Dilma, eu humildemente pe�o desculpas pelo tratamento que a senhora recebeu ali no nosso peda�o. E tenho toda a serenidade do mundo para lhe garantir: n�o fomos n�s, povo da Zona Leste, que a ofendeu daquele jeito.
Ah, n�o foi mesmo, viu?
Sabe por qu�? Porque mandar uma senhora como a senhora pro lugar onde a mandaram j� resultou em muita briga e at� morte pra aquelas bandas. Isso n�o se faz, ningu�m por ali deixa barato ir xingando assim a m�e dos outros, ainda mais com a filha sentada do lado, onde j� se viu?
A gente boa da zona leste, dona Dilma, n�o � disso, n�o.
Respeita pra ser respeitada.
Tampouco � um pessoal que fica adulando poderosos ou puxando o saco de quem quer que seja, n�o se trata disso. Se � pra protestar, o povo protesta. Se � pra vaiar, vaia.
Mas a educa��o que a gente recebeu em casa ensinou que n�o se fala palavr�o para uma senhora e n�o � desta maneira, ofendendo a todos os que ouviram os absurdos que lhe disseram, que se vai se mudar alguma coisa, qualquer coisa.
N�o, dona Dilma, n�o fomos n�s da ZL que xingamos a senhora –eu falo n�s, embora n�o more mais por aquelas bandas, porque meu cora��o nunca sair� de l�, e vira e mexe estou zanzando por ali, visitando gente amiga na Penha, Vila Esperan�a, Vila Granada, Vila R�, Guaianases, Itaquera...
Tamb�m achei necess�rio me dirigir � senhora, dona Dilma, porque uns amigos que foram ao jogo me informaram que os xingamentos, as palavras de baixo cal�o vieram principalmente do setor do est�dio em que os ingressos custavam quase mil reais ou as cadeiras eram ocupadas por VIPs –e mil�o prum ingresso n�o rola aqui na ZL, n�o, muito menos a gente � very important people pra receber este tipo de convite.
De modo que, mesmo sem procura��o, falo em nome da gente boa da ZL para n�o apenas me desculpar pela grosseria, pela deseleg�ncia e pelas ofensas que foi obrigada a ouvir, mas tamb�m para fazer um convite: aparece de novo l� no nosso est�dio!
Mas vai num dia de jogo do Tim�o.
Olha, pode ser at� que a senhora ou�a alguma vaia, viu, porque afinal � dif�cil separar uma mulher que tem filha e neto, e j� merece respeito apenas por isso, da presidente da Rep�blica - e ali a gente vota como quer, respeita opini�o diferente e acredita em democracia.
Agora, garanto que com o est�dio sem toda aquela gente diferenciada que tomou conta de Itaquera no jogo do Brasil, ningu�m vai mandar a senhora �quela parte, n�o.
Porque se algum engra�adinho se atrever a fazer isso, vai acabar levando um tapa na boca.
Porque � assim que fomos educados.
Um abra�o pra senhora e um beijo pro Gabriel, seu neto, que ali�s tem o mesmo nome do meu.
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