� jornalista e consultor na �rea de comunica��o corporativa.
Tristeza no pa�s da alegria
Todo ano, sempre no primeiro dia de Carnaval, quando, como diria o cartunista Glauco, o Brasil "espouca a silibina", quer dizer, quando o povo se joga na folia, quando instaura-se o imp�rio da alegria, eu penso nos deprimidos.
Penso no que chamei muito tempo atr�s, aqui mesmo, de "paradoxo do pa�s da alegria".
Ou seja, ao mesmo tempo em que milh�es est�o sassaricando por a�, extravasando uma felicidade �s vezes genu�na, �s vezes anabolizada por est�mulos diversos, muitos, mas muitos mesmo, est�o se perguntando: por que eu n�o consigo compartilhar dessa anima��o toda? Por que, enquanto todos est�o felizes, cantando, brincando, eu estou aqui...deprimido?
Talvez n�o haja situa��o pior para aqueles que enfrentam a depress�o no seu dia-a-dia do que a alegria generalizada. Nada mais excludente, paralisante, nada mais incapacitante para esse n�mero cada vez maior de v�timas da "doen�a do s�culo".
N�o � poss�vel dizer que seja melhor ou pior enfrentar a depress�o no Brasil, na Alemanha, no Peru ou no Alasca.
Mas creio que seja muito mais dif�cil justificar a pr�pria exist�ncia quando se � obrigado a suportar uma personalidade melanc�lica em meio � zorra que toma o pa�s de norte a sul.
No entanto, como qualquer portador da depress�o sabe muito bem, assim como devem saber seus familiares, a luta contra este mal � di�ria, cont�nua e muitas vezes sem fim.
Vale lembrar aqui a met�fora: a depress�o se instala e permanece no organismo de uma pessoa assim como cupins infestam uma casa: lenta e silenciosamente.
Entram pelas bordas, ocupam todos os cantos mais rec�nditos e v�o devorando, quieta e permanentemente, seu hospedeiro.
Quando o dono da casa menos espera, eles desabrocham com todo seu vigor, e portas, arm�rios, m�veis, pisos e divis�rias est�o irremediavelmente comprometidos.
Com a depress�o ocorre a mesma coisa...
Com a diferen�a de que no caso da depress�o h� que se viver em uma sociedade que, sobretudo em momentos de mobiliza��o coletiva, n�o est� nem a� para quem n�o se encontra no mesmo ritmo, na mesma vibe.
Estar triste no Carnaval � quase imoral, praticamente ilegal.
Por isso n�o tenho como deixar de me solidarizar com os que est�o agora mesmo remoendo sua tristeza e melancolia, sem entender direito como as pessoas podem ser t�o felizes � toa.
Gente que torce para a chegar logo a quarta-feira...
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