� jornalista e consultor na �rea de comunica��o corporativa.
Rio 50 graus
E eis que mais um ano "entrado" �s margens do Atl�ntico, diante do deslumbrante espet�culo de fogos de Copacabana, ao menos em tese deve ter todos os componentes que se espera para se vislumbrar tudo de bom: um ano menos "mala" que 2013, mais toler�ncia, mais luz, mais dinheiro, mais amor por favor.
� o que se quer, � o que se deseja, mas...
Mas o j� cl�ssico "Rio 40 graus / cidade maravilha / purgat�rio da beleza e do caos" cantado em funk e prosa pela bela Fernanda Abreu prevalece, e c� estamos n�s diante de todas as belas contradi��es e vicissitudes deste grande tambor que retumba o Brasil, que � a cidade do Rio de Janeiro.
Na verdade, � o Brasil vestido de branco � beira mar, ou seja, perto de 2 milh�es de pessoas participando daquela que talvez seja a maior festa popular do mundo, o R�veillon em Copacabana. E o estranho mesmo, a not�cia, o curioso, quem j� teve esta experi�ncia sabe, � justamente quase n�o haver not�cia, quase n�o haver incidentes graves num lugar e numa situa��o em que basicamente tudo poderia dar errado, e n�o d�. Ou quase...
E o quase deste ano fica por conta da piada pronta que foi a tentativa desastrada de um oficial da PM apartar uma briga de casal pouco antes dos fogos da virada do ano.
A dom�stica Rosilene, 37, e o pedreiro Adilson, 34, se dirigiam � praia para as devidas homenagens a Iemanj� quando Adilson cisma que Rosilene est� olhando para sei l� quem da multid�o. Bate-boca instalado, eles chegam �s vias de fato, e Adilson aplica um golpe de bra�o no pesco�o da amada, a popular gravata, e est� prestes a estrangul�-la, quando interv�m o militar.
Mas o que deveria ser um salvamento tornou-se um Deus nos acuda, porque o pedreiro tomou a arma do PM e come�ou a atirar. Outros policiais passam a atirar tamb�m e quando finalmente explode o espet�culo de cor e luz da vidrada do ano h� um monte de gente ca�da � volta de Adilson, que jaz ainda com vida com sete balas no corpo.
Dois dias depois ainda n�o se sabia ao certo quantos foram atingidos e nem se Adilson sobreviver�. Mas Rosilene, passadas as fortes emo��es, n�o esconde uma certeza: vai perdoar o marido, com quem vive h� 14 anos: "� o amor da minha vida. Quando estava ferido na cal�ada, ele segurou a minha m�o e pediu desculpas por ter estragado o passeio da fam�lia", declarou a dom�stica ao jornal "O Globo".
Afora este epis�dio digno das cr�nicas de Nelson Rodrigues, estamos todos aqui cozinhando, porque n�o h� o que fa�a frente a "40 graus com sensa��o t�rmica de 50 graus". Para quem n�o tem bem ideia do que isso significa, 50 graus Celsius � mais quente do que a sauninha da minha casa em S�o Paulo ou, como disse um amigo por aqui, fica assim quando abrem as porteiras do inferno.
Demon�acas compara��es � parte, o povo se diverte como pode no mar meio sujo, calor amplificado pela �gua que apenas pinga em parte das torneiras do litoral sudeste, e ainda ouve-se aqui e ali o grito que se espera ver transformado em realidade: feliz Ano Novo!
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