� jornalista e consultor na �rea de comunica��o corporativa.
O cachorro negro da depress�o
Tem muita gente que vai achar o tema inadequado para estes tempos em que bimbalham os sinos e est� todo mundo feliz –ou pelo menos tentando ser feliz ou ainda tentando demonstrar que est� feliz para n�o ser chato.
Mas sempre h� os chatos, e aqui est� um que vai voltar ao assunto (que muitos acham "inconveniente"..) da depress�o, a doen�a que se manifesta como um estado de esp�rito que � realmente o oposto exato e completo do que se convencionou chamar de esp�rito de Natal.
O motivo � este: esta semana circulou mundo afora um v�deo de anima��o produzido pela Organiza��o Mundial da Sa�de chamado "Eu tinha um cachorro preto, seu nome era depress�o".
Trata-se de um filminho muito bacana, curto (quatro minutos) e a um s� tempo envolvente e esclarecedor, did�tico sem ser aborrecido. E em alguns momentos emocionante sobretudo para aqueles que convivem ou conviveram com o problema que atinge ao menos 5% da popula��o mundial, ou seja, a bagatela de uns 350 milh�es de indiv�duos.
A met�fora � simples: um homem conta sua hist�ria de conviv�ncia com um cachorro negro interfere na sua vida de maneira tal que chega ao ponto de anul�-lo completamente, destru�-lo.
Atuando como que um filtro por interm�dio do qual o homem v� e sente a realidade, o cachorro negro vai deixando o homem vazio, envelhecido, sem apetite para nada, sem mem�ria, sem confian�a, amedrontado e principalmente envergonhado. A vergonha surge como o sentimento mais avassalador, posto que alimentada pela exaust�o de manter uma mentira emocional.
� assim que �: a depress�o metaforizada no cachorro preto penetra, envolve, domina e inutiliza, destro�a. "N�o � voc� se sentir por baixo ou triste, � pior, � voc� n�o ter capacidade de sentir", diz o homem a certa altura. Mas pode-se dizer que esta afirma��o, ironicamente, n�o � exata, uma vez que persiste sim um sentimento que em geral o deprimido fica ruminando, que � a vergonha de estar naquela situa��o. O que piora ainda mais seu estado, num sinistro c�rculo vicioso em que pensamentos ruins n�o saem da cabe�a –uma esp�cie de disco riscado, que � como eu enxergava meus sentimentos delet�rios permanentes quando eles me dominavam cerca de 10 anos atr�s.
Se na primeira parte do v�deo procura-se descrever todos os sintomas e males causados pela depress�o, na segunda procura se demonstrar que, identificando-se como um infeliz propriet�rio de um "cachorro preto", a pessoa deve procurar ajuda profissional. Apoio para entender que, se por um lado n�o existe p�lula m�gica que o afaste rapidamente, por outro h� a possibilidade de enfrentar o cachorro, deixando de tem�-lo; abra��-lo para conseguir aplacar sua presen�a avassaladora, e assim andar mais r�pido do que ele, mesmo sabendo que possivelmente ele sempre estar� ali logo atr�s, pronto para atacar novamente.
Claro que a mensagem do v�deo � otimista e acaba minimizando um pouco as coisas como elas de fato s�o. Afinal, resume em minutos o que �s vezes pode durar quase uma vida para mudar –no meu caso foram oito anos. N�o basta apenas procurar m�dico, tomar rem�dios, ter apoio de amigos, buscar atividades positivas; muitas vezes voc� faz isso tudo e n�o sai do lugar. Eu fiquei por exemplo um ano mudando de antidepressivo (foram seis marcas diferentes...) at� que finalmente um deles fizesse o efeito esperado.
Mas o v�deo da OMS transmite esperan�a e pode sim, orientar, servir de alento e de repente encaminhar para a luz quem est� imobilizado e envergonhado.
Se voc� � um dos 350 milh�es que t�m depress�o –ou convive/conhece algu�m que tenha– ou apenas se interessa pelo tema, vale muito a pena dar uma olhada aqui: http://www.youtube.com/watch?v=RTcmNwK4420.
Espalhe...
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Tamb�m para espalhar: shows, debates, distribui��o de livros, performances, instala��es e muita anima��o ocorrem neste s�bado a partir das 16h entre as �rvores que formam o que j� � chamado de Parque Augusta, um grande terreno na esquina das ruas Caio Prado e Augusta, regi�o central de S�o Paulo.
S�o 25 mil metros de �rea livre ou verde que correm o risco de dar lugar a torres de concreto.
Se depender da mobiliza��o de gente ligada � cultura como Marcelo Rubens Paiva, Antonio Prata, Marcelo Tass, Cad�o Volpato, Taciana Barros e centenas de outros, isto n�o deve acontecer.
Se depender da vontade pol�tica do prefeito Fernando Haddad, respons�vel pela decis�o final, isto n�o deve acontecer. E teremos em breve mais um parque na cidade.
Livraria da Folha
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