![luciana coelho](https://cdn.statically.io/img/f.i.uol.com.br/fotografia/2015/05/21/513505-115x150-1.jpeg)
� editora de 'Mundo' e foi correspondente em Nova York, Genebra e Washington. Escreve �s sextas sobre s�ries de TV.
'American Gods' antagoniza rever�ncia � m�dia e � tecnologia com f� ancestral
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Ricky Whittle (� esq.) e Jeremy Davies no �ltimo epis�dio da primeira temporada de 'American Gods' |
A primeira temporada de "American Gods" chegou ao fim h� duas semanas com muito a digerir. A adapta��o do livro de Neil Gaiman para a TV pelo pequeno canal americano Starz, exibida no Brasil pelo Prime Video da Amazon, ter� segunda temporada e, muito provavelmente, terceira.
Mas como os produtores Bryan Fuller e Michael Green v�o amarrar todas as hist�rias e subtramas do livro ainda � uma pergunta a ser respondida, j� que pouco mais de 1/3 da trama foi percorrido. Para quem n�o assistiu a s�rie, este texto cont�m spoilers.
O �ltimo epis�dio nos deixa com a reuni�o de velhos e novos deuses na Casa da Montanha, com Bilqis (Yetide Badaki), a esquecida deusa do amor, a caminho para saldar uma d�vida que ela tem com Technical Boy (Bruce Langley) ap�s este tir�-la da sarjeta. Mr. Wednesday (o �timo Ian McShane) acaba de revelar sua identidade.
Se at� o s�timo epis�dio a s�rie vinha mantendo tons surrealistas, este final de temporada parece uma obra de Jeff Koons, das mais kitsches e absurdas, com direito a uma vers�o de P�scoa/Ostara (Kristin Chenoweth) que parece uma Barbie bronzeada e Jesuses para todos os gostos.
O tom soturno dos primeiros epis�dios tamb�m se dissipa em um humor pervertido, com o al�vio c�mico a cargo da inusitada dupla Laura (Emily Browning) e Mad Sweeney (Pablo Schreiber), uma noiva-cad�ver e um deus azarado.
A conex�o entre os dois ainda n�o foi bem explorada, com perguntas em aberto para os pr�ximos cap�tulos: por que Mad Sweeney matou Laura? Por que ela � uma sacrif�cio? Por que a ladra galesa que o adorava na �poca da coloniza��o americana tem a mesma cara que a mulher de Shadow (Ricky Whittle)?
� da� e do encontro dos deuses com Bilqis que o enredo deve avan�ar, ao menos na vers�o televisiva.
Bilqis, ali�s, foi a personagem que ganhou a melhor adapta��o para a s�rie (a inven��o de um personagem inexistente no original, Vulcano, tamb�m rendeu cenas impressionantes, muito em linha com o discurso pol�tico atual nos EUA).
Por ser um livro que trata de cren�as, f�, busca por respostas e tecnologia escrito em 2001, os 16 anos de intervalo entre p�ginas e telas parecem uma eternidade, ent�o era preciso alguma moderniza��o.
Pois a deusa que aparece em v�rias religi�es monote�stas ganha direito a conta no Tinder e a templo destru�do pelo Estado Isl�mico. � ela a primeira divindade a ser apresentada na adapta��o, � ela quem deixa o 'cliffhanger' para a nova temporada, com sua voracidade sexual e sua d�vida com o deus jovem.
� preciso um gosto espec�fico pela narrativa intrincada e visualmente profusa de Gaiman, na qual filosofia, cr�tica social, fantasia e s�tira se misturam com cores fortes, para apreciar "American Gods".
Ainda patinando um pouco, a s�rie parece que ser� bem sucedida. As subtramas aos poucos v�o se fechando, e, no m�nimo, � imposs�vel n�o apreciar o gosto de Gaiman pelo folclore e a psique americana.
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A primeira temporada de "American Gods" est� dispon�vel no Prime Video da Amazon
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