� editora de 'Mundo' e foi correspondente em Nova York, Genebra e Washington. Escreve �s sextas sobre s�ries de TV.
'Better Call Saul' triunfa na viagem e esconde resposta em fim de temporada
Vince Gilligan, o homem que deu ao mundo "Breaking Bad" (2008-2013), � um sujeito engenhoso. Mas construir uma estrutura s�lida para levar a algo que j� existe e � reverenciado, como ele prop�s fazer ao lan�ar "Better Call Saul" como um pref�cio de sua s�rie mais famosa, exige, al�m de habilidade, muita paci�ncia. E, muitas vezes, a viagem � melhor que o ponto de chegada.
A dois epis�dios de encerrar a segunda temporada da s�rie mais nova, por�m, fica cada vez mais dif�cil entender como o Jimmy (Bob Odenkirk) que protagoniza "Better Call Saul" se transformou no Saul Goodman que d� t�tulo � s�rie e que serve de guarida jur�dica para o narconeg�cio de Walter White (Bryan Cranston) em "Breaking Bad".
Ben Leuner/Netflix | ||
Jonathan Banks (esq.) e Bob Odenkirk na segunda temporada de "Better Call Saul" |
Talvez esse n�o seja o objetivo central de "Saul".
Gilligan, que pede "um passo de cada vez", comparou em recente entrevista � revista "Hollywood Reporter" sua tarefa � constru��o de uma "ferrovia transcontinental que come�a em 'Breaking Bad' e termina em 'Better Call Saul'".
(Sim, � isso —o autor insinuou que a s�rie atual pode trazer mais elementos do ep�logo da original, a partir de suas cenas iniciais que mostram Saul/Jimmy em uma loja de p�es doces em Omaha).
O trabalho que Gilligan e equipe est�o fazendo, e que seguir� para uma terceira temporada, � delicado. Envolve exatamente o caminho inverso do tomado em "Breaking Bad", s�rie de ritmo fren�tico em que um personagem originalmente bom � corrompido aos poucos.
Em "Saul", o tempo � outro, um paralelo de ritmo l�nguido como os acordes tocados semanalmente na abertura da s�rie. Saul, um personagem ador�vel, mas totalmente vil na obra original, aos poucos � revelado como algu�m gentil, doce, esfor�ado e com talento para defender gente carente, e n�o criminosos. Tem direito at� a par rom�ntico (a �tima Rhea Seehorn, como Kim).
Aqui, por�m, j� se sabe qual o destino do protagonista, a pergunta � como ele o encontrar�. Com Walter White, o destino era desconhecido, mas o caminho ladeira abaixo ficava cada vez mais claro.
Esse passo lento e insinuante � o trunfo desta segunda temporada, cujos dez epis�dios a Netflix tem posto no ar, um a um, a cada ter�a.
Esperar pela pr�xima cara conhecida a surgir —a mais frequente � a de Mike (Jonathan Banks), em sua pr�pria estrada rumo ao inferno pessoal— � como montar um enorme quebra-cabe�as, um do qual se conhece bem o tema, mas n�o exatamente a cena que ele revelar�.
Perguntarmo-nos se chegaremos de volta a Walter White, se saberemos mais do que aconteceu ap�s a inesquec�vel �ltima cena de "Breaking Bad", � apenas um incentivo.
Na ferrovia transcontinental constru�da meticulosamente por Gilligan, a aten��o � paisagem, � beleza das cenas, ao car�ter daqueles que por ali passam, � a maior das recompensas.
O �ltimo epis�dio da segunda temporada de "Better Call Saul" vai ao ar no dia 19, ter�a, na Netflix
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