![luciana coelho](https://cdn.statically.io/img/f.i.uol.com.br/fotografia/2015/05/21/513505-115x150-1.jpeg)
� editora de 'Mundo' e foi correspondente em Nova York, Genebra e Washington. Escreve �s sextas sobre s�ries de TV.
'Late Show' com Colbert se perde entre Letterman e alter ego do apresentador
Stephen Colbert tinha duas lendas a superar quando subiu ao palco do hist�rico teatro Ed Sullivan, em Nova York, para estrear no comando do "Late Show" que agora leva seu nome, na �ltima ter�a (8).
A primeira era David Letterman, que foi por 33 anos o titular do mais importante talk-show noturno dos EUA. A segunda era Colbert mesmo —ou o personagem que ele criou.
Saiu-se com desempenho mediano das duas tarefas, mas deu vislumbres de que pode melhorar.
Algu�m que olhe apenas os n�meros vai se impressionar. Colbert atraiu 6,6 milh�es de telespectadores na estreia, ou 12% dos lares americanos, segundo o instituto Nielsen.
� o dobro da estreia da temporada de 2014, a �ltima de Letterman; � mais que o dobro dos rivais Jimmy Fallon e Jimmy Kimmel; � 164% acima da audi�ncia do epis�dio final de seu programa pregresso, o "Colbert Report", no Comedy Central.
Na noite seguinte, por�m, a audi�ncia caiu para 3,6 milh�es, segundo o mesmo Nielsen — abaixo da de Fallon. Na quinta-feira, ficou em 3,9 milh�es.
O que os dados da estreia revelam � expectativa, e eis a� o terceiro gigante a enfrentar (a julgar pelos n�meros dos dias subsequentes, a batalha tem sido ingl�ria).
Talvez por causa dela, o Colbert do "Late Show" soa muito menos refinado que Letterman e bem menos engra�ado do que o alter ego conservador que ele apresentava no "Colbert Report".
Uma curiosidade do p�blico, afinal, era saber como o comediante que encarnou um apresentador de ultradireita com vigor a ponto de ter o nome cogitado para disputar a Casa Branca em 2012 iria se portar quando tivesse que fazer entrevistas sem atuar, como ele mesmo.
O resultado foi um tanto decepcionante, e a compara��o dupla inevit�vel. Faltou-lhe o repert�rio e a classe de Letterman, e faltaram-lhe as estripulias que lhe eram permitidas no Comedy Central.
A CBS, que exibe seu novo programa, � uma grande rede aberta, com limites tradicionais. O momento mais ousado foi uma piada com os patrocinadores, a quem o apresentador disse ter vendido a alma.
O que se viu na entrevista com Jeb Bush, o ex-governador da Fl�rida que quer disputar a Presid�ncia dos EUA no ano que vem, foi uma vers�o opaca das entrevistas de Jon Stewart, ex-chefe e mentor de Colbert (o amor � tanto que houve at� participa��o especial do amigo no patri�tico clipe de abertura).
Sua melhor tirada foi tentar fazer o pol�tico criticar o irm�o ex-presidente por suas posi��es pol�ticas -Jeb contornou reclamando do deficit deixado por George W..
J� a entrevista inaugural, com o ator George Clooney, perdeu-se entre piadas in�cuas e sem novidade.
Por causa da persona que Colbert criou, o programa ainda � autorreferente (ainda que troce disso, haja vista a ilustra��o do teto do teatro que simulava vitrais com seu rosto).
Na segunda noite, as estrelas eram a atriz Scarlett Johansson e o empres�rio Elon Musk (da Tesla), o que deixa claro o que a CBS cobi�a: jovens. Dif�cil crer que esse p�blico ainda queira ver TV convencional.
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