![luciana coelho](https://cdn.statically.io/img/f.i.uol.com.br/fotografia/2015/05/21/513505-115x150-1.jpeg)
� editora de 'Mundo' e foi correspondente em Nova York, Genebra e Washington. Escreve �s sextas sobre s�ries de TV.
Com 'Wet Hot American Summer', Netflix apela para a nostalgia
H� certa inoc�ncia perdida, e talvez fora de lugar, na com�dia em oito epis�dios "Wet Hot American Summer: First Day of Camp", que o Netflix disponibiliza nesta sexta (31).
Feita para ser o pr�logo de um filme cult de 2001 que em si j� era uma ode � nostalgia (neste caso, ao cinema juvenil dos anos 1980), � dif�cil saber qual p�blico a s�rie mira: se os adolescentes de ent�o, hoje com 30 e muitos ou 40 e poucos anos, ou os adolescentes de agora.
Os primeiros certamente ser�o fisgados pelo apelo saudosista e o elenco de ex-estrelas de "Saturday Night Live" e da com�dia despretensiosa americana que abra�aram o projeto de "Wet Hot..." (algo como "ver�o americano quente e �mido, o primeiro dia de acampamento de f�rias") em peso.
Mas podem j� estar cansados demais para, ao fim de um dia longo de trabalho, achar gra�a de comediantes de 40 anos interpretando monitores de acampamento de 18.
Os �ltimos, jovens de agora, com a aten��o dividida entre m�ltiplas telas, podem estranhar o ritmo dessa com�dia sem tiradas r�pidas, cenas de a��o, cr�ticas geracionais verborr�gicas nem apelos musicais.
"Wet Hot..." se passa em 1981 e versa sobre um acampamento de f�rias, obviamente, e tudo aquilo que os americanos gostam de reconhecer como seus valores. Os principais nomes do elenco –Janeane Garofalo, Paul Rudd, Amy Poehler, Molly Shannon– participaram tamb�m do filme (no Brasil, "Mais um Ver�o Americano"), que mostrava o �ltimo dia no campo Firewood.
No meio disso, uma jornalista que se acha veteran�ssima aos 24 (Elizabeth Banks, de "Jogos Vorazes") decide se passar por adolescente para investigar o que eles fazem longe dos pais. A narra��o de fundo da rep�rter, t�o fora de uso hoje como a fuma�a de cigarro que enche a reda��o da revista nova-iorquina onde ela trabalha, conduz a hist�ria.
O diretor, David Wain (que na s�rie interpreta o instrutor de futebol Yaron), tamb�m � o mesmo. A vers�o cinematogr�fica foi um fracasso de bilheteria, mas arregimentou uma legi�o pequena e fiel de f�s a ponto de sustentar esse revival. O potencial da s�rie � uma inc�gnita.
Esse gosto de fim de inf�ncia, o figurino esdr�xulo da �poca e o elenco s�o capazes de ati�ar a curiosidade, despertar carinho e garantir a aten��o num primeiro momento.
Passada a fascina��o inicial, por�m, a s�rie parece aquele reencontro de turma do col�gio: h� saudade, � bom se lembrar daquela �poca bacana, mas todos parecem t�o fora de lugar e pouco � vontade que o interesse logo acaba.
H� boas cenas –o casalzinho feito por Poehler e Bradley Cooper � engra�ad�ssimo– e grandes participa��es especiais, como John Slattery, de "Mad Men", fazendo um diretor de teatro mulherengo.
Se � para ser nost�lgico ou ensinar algo sobre os anos 1980 �s novas gera��es, no entanto, melhor rever "Anos Incr�veis" –indispon�vel no Netflix, ali�s– ou qualquer filme de John Hughes (1950-2009).
"Wet Hot American Summer: First Day of Camp" estreia dia 31 no Netflix
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