Vencedor de dois pr�mios Esso na Folha, atuou na cobertura de pol�tica e economia em S�o Paulo e Bras�lia.
Renan defende que Dilma siga seu exemplo no corte de gastos
Dado o hist�rico recente, � dif�cil imaginar o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), como exemplo a ser seguido na gest�o da coisa p�blica. Em 2007, Renan foi apeado da mesma fun��o que hoje exerce na c�mara alta do Congresso sob acusa��es de que um lobista de uma empreiteira, a Mendes J�nior, pagava contas pessoais suas.
A suspeita era que o lobista desembolsava mensalmente uma pens�o para a jornalista M�nica Veloso, com quem Renan tem uma filha.
Agora, Renan figura no rol dos investigados no STF (Supremo Tribunal Federal), no �mbito da Opera��o Lava Jato, sob a suspeita de receber recursos ilegais de um cartel de empreiteiras que fraudavam concorr�ncias da Petrobras.
Justi�a seja feita, Renan tem, sim, a despeito dos esc�ndalos, exemplo a dar a presidente Dilma Rousseff. Desde que assumiu, nesta segunda passagem, a presid�ncia do Senado, Renan promoveu uma s�rie de cortes de despesa na Casa.
Nos gabinetes parlamentares, lideran�as e Mesa Diretora foram extintas 672 fun��es comissionadas –uma diminui��o de 34,7% do total, gerando uma economia de R$ 10,4 milh�es em 2013 e de R$ 11,1 milh�es no ano passado. Implementou a jornada de sete horas corrida de trabalho, preservando R$ 160 milh�es. Houve um corte nos sal�rios acima do teto constitucional, medida que atingiu cerca de 1 mil servidores, resultando numa economia de R$ 8,1 milh�es por ano.
Renan tamb�m promoveu fus�es e incorpora��es de v�rios �rg�os internos do Senado. Reviu, cancelou e reduziu valores de contratos. Reviu todas as aposentadorias por invalidez. Eram 117. Desses, 15 servidores foram obrigados a voltar a trabalhar. O Senado tamb�m extinguiu o servi�o hospitalar em suas depend�ncias: um privil�gio que custava anualmente R$ 6 milh�es para atender servidores e senadores. Como todos tinham e t�m planos de sa�de, o Senado mantinha um hospital caro e pagava por um plano de sa�de que pouco era usado, pois muitos preferiam ser atendidos no hospital da Casa.
H� outros exemplos de cortes de despesas no Senado em 2013 e 2014. Nesses �ltimos dois anos, segundo a assessoria do senador, a economia global foi de R$ 530 milh�es.
Renan tem dito publicamente e nos bastidores que a presidente Dilma Rousseff precisa seguir seu exemplo.
No pronunciamento que fez em cadeia de r�dio e TV no �ltimo domingo (8), Dilma defendeu a import�ncia do pacote fiscal anunciado por sua equipe econ�mica para tapar o rombo das contas p�blicas.
"As medidas est�o sendo aplicadas de forma que as pessoas, as empresas e a economia as suportem. Como � preciso ter equidade, cada um tem que fazer a sua parte. Mas de acordo com as suas condi��es", disse a presidente.
Entre as medidas j� anunciadas, est�o o endurecimento das regras de concess�o de benef�cios trabalhistas e o cancelamento de parte da desonera��o da folha de pagamentos.
Nos dois casos, a maior cota do ajuste caiu ou cair� na conta do trabalhador.
E qual a parte que cabe ao governo da presidente Dilma no sacrif�cio coletivo de corte de despesas? At� agora, nenhuma.
Ao inv�s de ficar somente no discurso, Dilma poderia dar o exemplo. Poderia come�ar, num primeiro momento, extinguindo boa parte dos 39 minist�rios de seu governo –muitos dos quais, diga-se de passagem, servem apenas de cabide de emprego para acomodar aliados fisiol�gicos.
Num segundo momento, poderia reduzir drasticamente os 23 mil cargos comissionados do Executivo federal.
N�o se sabe aonde a Pol�cia Federal e o Minist�rio P�blico Federal podem chegar no inqu�rito aberto para investigar Renan no STF.
Mas numa coisa o senador tem raz�o: Dilma precisa dar o exemplo se quer convencer trabalhadores, empregadores e congressistas da necessidade do ajuste fiscal.
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