Vencedor de dois pr�mios Esso na Folha, atuou na cobertura de pol�tica e economia em S�o Paulo e Bras�lia.
BTG vira alvo de CGU e Lava Jato por compra de ativos da Petrobras na �frica
Em 2013, o BTG comprou 50% dos ativos da Petrobras na �frica, por US$ 1,5 bilh�o. Conforme a Folha publicou no ano passado, a transa��o se mostrou um �timo neg�cio para o banco.
Oito meses depois, a Petrobras Oil & Gas, que controla as opera��es da estatal naquele continente, pagou dividendos, pela primeira vez em sua hist�ria, no valor de US$ 300 milh�es. Em menos de um ano, o BTG obteve um retorno de 10% sobre o investimento.
A venda para o BTG come�ou a ser desenhada e se concretizou na gest�o da atual presidente da estatal, Gra�a Foster, que assumiu a companhia no in�cio de 2012.
At� ent�o, a �rea internacional da Petrobras era dirigida por Jorge Zelada, afilhado do PMDB. Logo ap�s assumir a presid�ncia da estatal, Gra�a tirou Zelada, e ela pr�pria passou a acumular os neg�cios na �rea internacional, como a venda dos ativos na �frica.
A equipe de Zelada j� estudava se desfazer de parte dos po�os no continente africano. Os t�cnicos chegaram a realizar uma avalia��o pela qual seria poss�vel captar US$ 3,5 bilh�es com a venda de apenas 25% dos ativos. Em 2013, o BTG comprou 50% dos ativos por US$ 1,5 bilh�o. Ou seja, levou o dobro pagando menos da metade.
Essa transa��o entrou no radar dos investigadores da Lava Jato. Como a Petrobras � controlada pelo governo, a Controladoria Geral da Uni�o tamb�m tem o dever de apurar se o patrim�nio p�blico foi lesado de alguma forma nessa opera��o.
Ainda como ministro da CGU, Jorge Hage confirmou � coluna, no final do m�s passado, que a controladoria recebeu material dos investigadores da Lava Jato e que tamb�m j� abriu sua pr�pria investiga��o.
"Embora o trabalho esteja num est�gio mais inicial do que esses �ltimos que temos divulgado, tem esse da �frica. Est� num estado mais inicial [do que as demais frentes relacionadas � Petrobras] porque n�o temos condi��o de fazer tudo ao mesmo tempo", disse Hage.
As suspeitas de que a transa��o beneficiou o BTG foram refor�adas no in�cio do ano passado. Um funcion�rio de carreira com mais de 30 anos na Petrobras passou a colaborar com os investigadores da Lava Jato. Sem ter seu nome identificado at� aqui nos inqu�ritos policiais, ele colocou em d�vida a idoneidade de dois funcion�rios destacados por Gra�a Foster para tocar a venda dos ativos na �frica.
Num depoimento prestado � Pol�cia Federal no Rio de Janeiro, em abril do ano passado, o informante afirmou que o neg�cio foi ruim para a Petrobras. Conforme revelou a Folha no ano passado, Ele disse que o valor real do quinh�o abocanhado pelo BTG seria de US$ 3,5 bilh�es, do mesmo modo que apontavam as avalia��es at� 2012.
De abril do ano passado para c�, os investigadores reuniram mais elementos sobre a venda de ativos da Petrobras na �frica. Foi esse o material encaminhado para a CGU.
Se a CGU ainda est� no come�o, n�o se sabe aonde a PF j� chegou at� aqui. E essa n�o � a �nica preocupa��o de Andr� Esteves, do BTG, com os desdobramentos da Lava Jato.
O banco BTG Pactual se notabilizou nos �ltimos anos por uma estrat�gia agressiva de crescimento. Al�m de fazer um bom caixa com opera��es de tesouraria no mercado financeiro, o banco investiu mais de R$ 30 bilh�es em setores t�o d�spares quanto farm�cias e explora��o de petr�leo. Parte desse investimento foi feito com capital do pr�prio banco, e outra parte, com recursos de clientes.
Muitos de seus neg�cios foram impulsionados com dinheiro dos fundos de pens�o de companhias estatais, entre os quais a Petros, dos funcion�rios da Petrobras. BTG, Petros e outros fundos de pens�o uniram seus recursos, por exemplo, na Sete Brasil, que fornece sondas de perfura��o para a Petrobras.
O BTG � o maior acionista individual da Sete Brasil. Entre 2011 e 2013, Pedro Barusco foi o diretor de Opera��es da Sete Brasil. At� 2010, Barusco era gerente-executivo da Diretoria de Servi�os da Petrobras, comandada por Renato Duque, preso na Opera��o Lava Jato. Para n�o ser preso, Barusco fechou acordo de dela��o premiada e prestou depoimento � Pol�cia Federal. Confessou que, juntamente com Duque, participava de um esquema para favorecer um cartel de empreiteiras que recorrentemente fraudavam licita��es da Petrobras.
Admitiu ter recebido propina relacionada a mais de 60 contratos. Prontificou-se a devolver aos cofres p�blicos US$ 97 milh�es do dinheiro sujo que embolsou. Barusco citou nominalmente diversas empreiteiras que faziam parte do esquema. Ser� que ele tem algo a dizer tamb�m sobre a rela��o da Sete Brasil com a Petrobras? A Sete Brasil � a maior fornecedora de sondas de perfura��o da Petrobras para os campos do pr�-sal.
Procurado pela coluna, o BTG informou por meio de sua assessoria que n�o se manifestaria sobre o assunto.
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