Vencedor de dois pr�mios Esso na Folha, atuou na cobertura de pol�tica e economia em S�o Paulo e Bras�lia.
Petrol�o vai sair caro para o contribuinte
A Pol�cia Federal estima que o esquema de lavagem de dinheiro desbaratado pela Opera��o Lava Jato tenha movimentado mais de R$ 10 bilh�es. Sabe-se que grande parte dessa quantia tem sua origem em recursos desviados da Petrobras, sobretudo de obras superfaturadas, executadas por um "clube" de empreiteiras que se uniam em cartel para fraudar as licita��es da estatal petrol�fera.
Sabe-se tamb�m, a partir de provas documentais e de uma s�rie de depoimentos prestados � Justi�a, que o butim foi devidamente rateado entre os integrantes da quadrilha, inclu�dos doleiros, executivos das construtoras, ex-dirigentes da Petrobras e seus padrinhos pol�ticos, cujos nomes ainda n�o vieram a p�blico oficialmente, mas est�o l�, no processo mantido sob sigilo pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal.
Como dinheiro n�o brota do ch�o, os recursos que uns embolsam nas sombras s�o custeados por outros, � luz do sol. No caso de uma estatal de capital aberto como a Petrobras, essa conta sobra para seus acionistas minorit�rios, em particular, e para o conjunto dos contribuintes.
O tamanho da fatura j� come�a a se avizinhar. Em tr�s dias, cinco processos foram movidos por acionistas minorit�rios contra a Petrobras, incluindo a��es coletivas na Justi�a dos Estados Unidos, pelas quais investidores pedem ressarcimento pelas perdas provocadas pelos casos de corrup��o.
As a��es coletivas podem gerar grandes estragos na contabilidade de uma companhia. As empresas costumam optar por um acordo. Enron, WorldCom e Tyco est�o entre as maiores penalidades j� pagas. Respectivamente, US$ 7,2 bilh�es, US$ 6,2 bilh�es e US$ 3,2 bilh�es.
A Petrobras hoje � a petrol�fera com o maior endividamento do mundo, na casa de R$ 300 bilh�es. O governo e a dire��o da companhia j� admitem, nos bastidores, que passar�o a tesoura em seu ambicioso plano de investimentos, de US$ 236,7 bilh�es at� 2017. Al�m de todos os problemas que a estatal enfrenta na esfera policial, seu caixa foi muito prejudicado nos �ltimos anos pela venda da gasolina a pre�os defasados em rela��o ao mercado externo. Outro problema s�rio para a companhia � a forte queda no pre�o do barril do petr�leo, o que significa menos receita.
Ou seja, a situa��o da Petrobras � p�ssima, com horizonte sombrio para os pr�ximos anos. Hoje a Folha noticia que o governo prepara uma opera��o de R$ 9 bilh�es para socorrer a Petrobras, a partir de uma d�vida que a Eletrobras tem com a empresa, que ser� garantida pelo Tesouro Nacional.
A corrup��o impede que uma economia aberta funcione como deve, com competi��o em condi��es iguais entre as empresas, de modo que ven�am as concorr�ncias p�blicas aquelas que ofere�am os melhores pre�os e qualidade na presta��o do servi�o. Quanto menor a concorr�ncia, menor a gera��o de emprego e renda para o trabalhador.
O dinheiro que � desviado pelos corruptos n�o recolhe tributos, n�o vai para a educa��o, para a seguran�a p�blica, para a sa�de, transporte etc. A corrup��o mata dezenas de pessoas todos os dias, em acidentes em estradas que n�o receberam o asfalto corretamente, em hospitais carentes de rem�dios, equipamentos e m�dicos.
Al�m de todo esse preju�zo humano e material que a corrup��o causa, o caso da Petrobras dever� ter um custo adicional. Com o caixa comprometido, derrotas bilion�rias na Justi�a podem ensejar aportes bilion�rios do Tesouro na companhia. Dinheiro esse recolhido dos contribuintes: em sua esmagadora maioria, trabalhadores honestos com seus impostos em dia.
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