Vencedor de dois pr�mios Esso na Folha, atuou na cobertura de pol�tica e economia em S�o Paulo e Bras�lia.
A�cio mereceu perder
Ningu�m melhor para julgar um pol�tico do que os eleitores diretamente governados por esse pol�tico. Dilma Rousseff fez sua parte. A�cio Neves, n�o. Dilma obteve vit�ria esmagadora no Norte e no Nordeste, regi�es com o maior n�mero de benefici�rios dos programas sociais do governo. Nada mais natural.
A�cio perdeu duas vezes em Minas Gerais, sua terra natal, quase um feudo herdado do av� Tancredo Neves. Perdeu quando seu candidato ao governo do Estado, Pimenta da Veiga, foi derrotado no primeiro turno pelo advers�rio do PT, Fernando Pimentel. Perdeu literalmente para Dilma no segundo turno, com 4,8 pontos percentuais atr�s da petista no total de votos v�lidos (5,979 milh�es de votos contra 5,428 milh�es, respectivamente).
Talvez a derrota de A�cio em Minas seja explicada pela soberba, que tamb�m pode ser chamada de excesso de autoconfian�a. A�cio foi duas vezes governador do Estado, com �ndices alt�ssimos de aprova��o. Foi eleito com facilidade para o Senado. A raz�o para a escolha de Pimenta da Veiga deve estar nessa "pr�-pot�ncia". Pimenta da Veiga estava aposentado da pol�tica. Fazia anos afastado do eleitor.
Se n�o tivesse tanta certeza da vit�ria em casa, provavelmente o tucano teria optado por um candidato ao governo do Estado mais preocupado em ir �s ruas lutar pelo voto, para si e para ele, A�cio.
Mas esse n�o foi o �nico erro de A�cio. H� pelo menos mais dois a serem considerados: uma linguagem elitizada e o an�ncio prematuro do nome de Arm�nio Fraga para ministro da Fazenda, caso fosse eleito.
Em seus discursos, o tucano falava para grupos que, em sua maioria, j� lhe dariam o voto. Nos debates e entrevistas para a TV, A�cio usava terminologias de economia, palavras comuns para quem est� habituado a discuss�es na Comiss�o Mista de Or�amento do Congresso. A�cio soltou express�es como PIB (Produto Interno Bruto), contingenciamento, d�ficits, super�vits, meta de infla��o etc.
Mesmo entre os mais escolarizados (maior eleitorado de A�cio), muitos n�o entendem essa linguagem t�cnica, esse econom�s de dar sono –ainda mais nos debates que se encerravam � meia-noite.
Dilma est� longe de ser uma grande comunicadora, mas j� saiu com quil�metros de vantagem entre os menos escolarizados, por contar com o Bolsa Fam�lia e com a figura de Lula. Nos debates e nos programa de TV, A�cio n�o aparentou estar preocupado em se dirigir de forma mais f�cil, mais clara, para esse brasileiro mais simples, mas cujo voto vale tanto quanto o do mais letrado.
"O homem � dono do que cala e escravo do que fala". Essa frase, atribu�da a Freud, sintetiza o que representou o an�ncio de Arm�nio Fraga para Fazenda. Primeiro, mais uma vez, a soberba. Monta-se equipe de governo depois de eleito, n�o antes.
Depois, por mais preparado e respeitado que seja Arm�nio, seu nome virou vidra�a no mesmo minuto em que foi pronunciado por A�cio. Foi f�cil para a equipe de Dilma lembrar, ainda que injustamente, que os juros na gest�o de Arm�nio no Banco Central chegaram a 45% ao ano, por exemplo.
Cabe a� a pergunta: para qu�? Poucos, muito poucos, dos que escolheram A�cio decidiram seu voto ap�s saber que seria Arm�nio seu ministro da Fazenda.
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