Ex-secret�rio de Reda��o da Folha, jornalista, coautor de 'Como Viver em SP sem Carro', faz pesquisas no Warburg Institute, em Londres, com o apoio da Capes. Escreve �s segundas.
Com novas regras, S�o Paulo ter� menos �nibus
Bruno Santos - 25.ago.15/Folhapress | ||
Corredor de �nibus na avenida Eus�bio Matoso, na zona oeste de S�o Paulo |
A administra��o do prefeito Jo�o Doria aguarda para os pr�ximos dias a vota��o da matriz energ�tica dos �nibus municipais, na C�mara Municipal, para publicar o edital com as regras da concorr�ncia para opera��o do servi�o de transporte coletivo de S�o Paulo. Assim que o Legislativo aprovar a lei que define a redu��o do uso do diesel nos pr�ximos 20 anos, o edital da rede de �nibus dar� um prazo de cerca de 40 dias para entrega de propostas. A escolha das empresas deve ocorrer at� o in�cio de 2018.
N�o h� mais tempo a perder: na semana passada, o Tribunal de Contas do Munic�pio fez a Prefeitura saber que n�o admite novos adiamentos. Afinal, o processo come�a com um atraso de mais de quatro anos: iniciado pelo prefeito Haddad, em 2013, foi suspenso diante dos protestos contra aumentos de tarifa e nunca mais retomado.
Depois de muitos anos e discuss�es de in�meras ideias, como projetos de entrada de novos concorrentes estrangeiros e outras novidades radicais, o paulistano deve esperar poucas mudan�as.
As companhias ganhadoras devem ser as mesmas que exploram o servi�o hoje, com pequenos rearranjos: entre as grandes empresas h� uma tend�ncia a desfazer os cons�rcios atuais e concorrer cada uma por si; j� entre as antigas cooperativas de perueiros, algumas se tornaram poderosas; v�o disputar nacos maiores do sistema. Nada que altere demais a estrutura atual, o que poderia deflagrar uma disputa mais agressiva.
A principal mudan�a ser� a redu��o do n�mero de ve�culos nas avenidas e corredores, para aumentar a sua velocidade. O problema de S�o Paulo n�o � falta de �nibus, mas a lentid�o que for�a a circula��o de mais carros. Hoje, muitas linhas locais chegam da periferia e entram nos corredores, congestionando-os com carros vazios. Essas rotas agora v�o acabar em terminais. Nos corredores, ficar�o s� �nibus maiores e r�pidos. O n�mero total de ve�culos cair� cerca de 15% (2 mil) mas aumentar� a oferta de assentos.
As privatiza��es dos terminais e da cobran�a do Bilhete �nico ser�o definidas posteriormente. Isso causa apreens�o entre empresas, que acham que tudo � interligado e deveria ser planejado junto.
A quest�o dos combust�veis: a lei de Mudan�as Clim�ticas, de 2009, determinou que n�o houvesse mais emiss�es de gases de efeito estufa pelos �nibus paulistanos a partir de 2018. As administra��es Kassab e Haddad n�o trocaram os �nibus. O prazo acabou e n�o d� para renovar 100% da frota (15 mil �nibus) em um ano.
O presidente da C�mara, Milton Leite, prop�s no in�cio do ano adotar um prazo longo demais. O consenso foi criado em torno de um substitutivo do vereador Gilberto Natalini, rec�m-sa�do do cargo de secret�rio do Meio Ambiente. Ele prop�e: 50% de redu��o nas emiss�es de gases de efeito estufa at� 2027 e 100% at� 2037.
Outro ponto pol�mico superado � o do prazo do contrato. A lei aprovada pelo prefeito Haddad prev� contratos de 20 anos, renov�veis por mais 20. O Tribunal de Contas acha muito e quer contratos de dez anos. D�ria queria a redu��o, mas a administra��o avalia que ela n�o passaria na C�mara. Sem tempo a perder, vai estabelecer contratos de 20 anos sem renova��o, o que resulta no prazo total mais curto.
Enfim, como dizia Tomasi di Lampedusa ("O Leopardo"), alguma coisa mudar� para que o fundamental continue como est�.
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