Ex-secret�rio de Reda��o da Folha, jornalista, coautor de 'Como Viver em SP sem Carro', faz pesquisas no Warburg Institute, em Londres, com o apoio da Capes. Escreve �s segundas.
Prefeito fecha ciclovia para dar aos pedestres... em Londres
Adriano Vizoni/Folhapress | ||
Ciclista pedala na r. da Consola��o, sentido centro; descida � vista como perigosa pela gest�o Doria |
O prefeito trabalhista de Londres vai fechar a ciclovia da Regent Street, uma esp�cie de Consola��o da capital inglesa. Vai tornar a rua toda exclusiva para pedestres. Quando? Em 2020. O an�ncio foi feito esta semana, para que a sociedade possa estudar o tema e decidir se aceita ou n�o a troca. Se acontecer, as ruas paralelas v�o receber ciclovia correspondente � eliminada.
E o que os comerciantes da Regent Street dizem sobre o assunto? Nada. Ningu�m pergunta a eles, porque em Londres, como em outras metr�poles, n�o existe categoria mais avessa a mudan�as. Se depender deles, as cidades n�o avan�am. A tudo, reagem com chantagens, amea�am com demiss�es pelo preju�zo que "certamente" ter�o. Mesmo beneficiados pelas mudan�as, voltam a bancar Pedro e o Lobo diante de novas ideias.
Em S�o Paulo, foram contra Cidade Limpa, lei Antifumo, implanta��o ou redu��o de zonas azuis (ambas); restri��o a sacolas pl�sticas descart�veis.... Hoje, se a Associa��o Comercial for contra uma medida, at� prova em contr�rio, ela deve ser boa para a cidade.
O prefeito trabalhista de Londres segue o exemplo do conservador nova-iorquino Michael Bloomberg, empres�rio, eleito pelo partido Republicano, que fechou ao tr�nsito de ve�culos a rua na Times Square (a Paulista de Nova York) e a transformou em cal�ad�o atapetado. Isso foi bom e todo mundo adorou. O que disseram os comerciantes? Que iam falir e demitir. E agora? Sorriem de orelha a orelha.
E por que prefeitos de Nova York e Londres fazem todas essas medidas que atrapalham os autom�veis? Porque o �nico jeito de melhorar a mobilidade das cidades � reprimir o uso de carros. As metr�poles t�m mais ve�culos do que cabem no espa�o de todas as suas ruas. Quando o tr�nsito melhora, motoristas que deixam o carro na garagem voltam a sair de autom�vel. E o congestionamento volta a aumentar.
Cobrar ped�gio, proibir estacionamento nas ruas, subir a gasolina, aumentar a multa para todas as infra��es (uma "ind�stria da multa") s�o solu��es, assim como fechar ruas, criar faixas exclusivas e corredores de �nibus e multiplicar as ciclovias.
Todo mundo tem direito a ter um ve�culo, portanto todos precisam ser for�ados a deix�-lo em casa ou pagar car�ssimo para us�-lo.
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Na semana passada, a Prefeitura de S�o Paulo anunciou mudan�as nas suas ciclovias. Os jornais noticiaram que seria extinta a da Consola��o, trocada por ciclorrotas. Preparei minhas melhores pedras e pedi entrevista ao secret�rio de Transportes, Sergio Avelleda.
Ele disse � coluna que n�o vai haver mudan�a na Consola��o. A origem do notici�rio foi um coment�rio dele, de que considera perigosa a descida Bairro-Centro e por isso vai criar uma alternativa, a mais, uma ciclorrota na rua Frei Caneca. E quem preferir, poder� usar essa op��o mais segura (� o caminho que ele mesmo, ciclista, faz para evitar a ladeira da Consola��o).
Avelleda disse que as mudan�as na estrutura de vias para bicicletas resultar�o em amplia��o da malha. Aposta que a rea��o negativa dos ativistas ("Compreens�vel e necess�ria para que estudemos melhor os projetos"), vai se dissipar quando conhecerem os planos em reuni�o marcada para o pr�ximo dia 27. "N�o vamos eliminar ciclovias. Vamos criar ciclorrotas em ruas que n�o t�m estrutura para ciclistas".
Guardei as pedras.
J� o prefeito, ao falar do assunto em uma coletiva, citou as cr�ticas do com�rcio a algumas ciclovias "com pouco uso". Ao longo do mandato, Doria vai aprender que os comerciantes n�o s�o bons conselheiros: s�o medrosos e refrat�rios a mudan�as, mesmo as ben�ficas. Se ouvisse comerciantes, Bloomberg n�o teria mudado a cara de Nova York nem sido eleito para tr�s mandatos.
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