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Ex-secret�rio de Reda��o da Folha, jornalista, coautor de 'Como Viver em SP sem Carro', faz pesquisas no Warburg Institute, em Londres, com o apoio da Capes. Escreve �s segundas.
Londres e Paris ensinam que o ped�gio urbano pode ser bom para S�o Paulo
Reprodu��o/Facebook/R�dio BandNews FM | ||
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Farol quebrado no cruzamento da Avenida Faria Lima com a Avenida Juscelino Kubitschek |
Uma men��o ao ped�gio urbano desperta rea��es indignadas em S�o Paulo. Por isso, pol�ticos paulistanos t�m medo da ideia defendida por muitos estudiosos de tr�nsito e polui��o. Os administradores eleitos temem a rea��o dos carro-dependentes e dos cr�ticos que alegam que a cobran�a de taxas para quem quer circular em �reas de maior congestionamento privilegia os ricos, que podem pagar os custos.
Duas metr�poles admiradas pela qualidade de suas infraestruturas de transportes p�blicos (�nibus, metr� e trem), Londres e Paris s�o tamb�m comparadas por terem implantado medidas diferentes de restri��o ao tr�nsito de carros particulares para diminuir o congestionamento em suas �reas centrais.
Londres adotou o ped�gio urbano no in�cio da administra��o do esquerdista Ken Livingstone, um radical do Partido Trabalhista, que foi prefeito da cidade entre 2000 e 2008. A regra imposta prev� que qualquer carro particular que circule pelo centro expandido da capital inglesa, entre 7h e 18h, pague uma taxa de 11,50 libras/dia (cerca de R$ 48,00). Exce��es: �nibus, t�xis, carros de deficientes e el�tricos.
O centro da capital brit�nica � tamb�m o lugar mais caro do mundo para estacionar (m�dia de 42 libras/dia ou R$ 175,00) e a multa por exceder o tempo de um parqu�metro � cerca de 100 libras (R$ 415,00). Ou seja, quem decidir andar de carro pela "City", vai pagar R$ 220,00/dia, se cumprir � risca as regras de tr�nsito. Detalhe: a cobran�a vale tamb�m para quem mora no centro.
Toda a arrecada��o do ped�gio urbano � usada para melhorar a infraestrutura de transportes p�blicos, que cresceu velozmente desde o in�cio do mil�nio, com novas linhas e mais esta��es.
O sucessor de Livingstone foi o conservador Boris Johnson (2008-2016), que manteve a "taxa de congestionamento" e agora a deixou como heran�a para o rec�m-eleito Sadiq Khan, trabalhista, mu�ulmano, de fam�lia indiana. A cobran�a n�o tem partido, religi�o ou etnia.
Governada desde 2001 por prefeitos socialistas, Paris recusou o ped�gio urbano, optando por medidas mais "igualit�rias" para restringir o tr�nsito: estreitamento ou fechamento de vias, mudan�as de m�os de dire��o, diminui��o de limites de velocidade, redu��o de vagas nas ruas (menos de 10% do total) e aumento do pre�o dos estacionamentos (privatizados, 90% da oferta).
Os resultados mostram que, por afetarem todos os ve�culos igualmente e de forma menos radical, as medidas "� francesa" n�o tiveram a mesma efic�cia, como constatou recentemente o jornal conservador "Figaro" (28/9/2016): motoristas se acostumam com aumentos menores de custos (o congestionamento caiu menos); o fechamento de vias afeta igualmente carros particulares e t�xis (que servem a v�rios passageiros/dia); e n�o houve uma receita nova para financiar os transportes p�blicos.
Em Londres, ao reduzir 30% o n�mero de carros em circula��o, a fluidez melhorou para particulares e �nibus; em Paris, as medidas para restringir o movimento de ve�culos travam tamb�m os �nibus. A perda de mobilidade para os usu�rios de carro n�o foi compensada por conforto nos transportes p�blicos e houve migra��o menor para �nibus ou metr�. E quem tem dinheiro para pagar o ped�gio, se mistura no engarrafamento com quem n�o tem.
Dois n�meros resumem o resultado: em Londres, 41% das fam�lias n�o t�m carro (contra 30% em Paris) e 45% das pessoas fazem seus deslocamentos em transportes coletivos (apenas 21% dos parisienses).
Em verdade, o ped�gio urbano, acusado de privilegiar os ricos, tem um efeito Robin Hood: cobra de quem tem dinheiro para melhorar os transportes p�blicos.
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