Tocada pelas homenagens ao centroavante Fred, esta coluna fez uma lista de camisas 9 cujo 11º lugar, para completar um time de goleadores, foi preenchida pelo ídolo tricolor.
Arthur Friedenreich, Leônidas da Silva, Ademir de Menezes, Vavá, Coutinho, Tostão, "só" na Copa de 1970, Roberto Dinamite, Romário, Careca e Ronaldo Fenômeno.
Alguém poderia reclamar, e como houve quem reclamasse!, de injustiças, de considerar, por exemplo, Dinamite melhor que o Imperador Adriano.
Injustiças, porém, podem ser atribuídas ao gosto de cada um, mas esquecimentos não têm perdão.
E a coluna se ajoelha no milho por ter cometido um imperdoável, que merece enorme KIRRATA, a errata do Kfouri.
Deixar de fora numa lista de 11 centroavantes o nome de Reinaldo, é crime de lesa-futebol, porque o Rei do Galo tem lugar, no mínimo, entre os cinco melhores da história do ludopédio nacional.
Ainda bem que, desta vez, a direção do Atlético Mineiro não publicou nenhuma nota do repúdio, porque o colunista teria de engoli-la sem acompanhamento do feijão-tropeiro. A seco!
Feita a correção, e Fred cairia para 12ª posição. Só que não.
Tricolores da velha guarda se lembraram de Valdo, assim como corintianos protestaram diante da ausência de Baltazar, o Cabecinha de Ouro, e outros mais novos ficaram fulos da vida com a falta de Walter Casagrande Júnior.
Não parou por aí, longe disso.
Palmeirenses exigem, com razão, a presença de Mazola e de Evair, alguns até a de Cesar Maluco, e santistas recordaram o futebol refinado de Pagão, de fato, genial.
Heleno de Freitas e Paulo Valentim, do Botafogo, como deixar de citá-los?
Serginho Chulapa, Luis Fabiano, os tricolores paulistas querem a presença deles.
José Trajano se lembrou de Ipojucan, do Vasco e da Portuguesa, e de Luizão, campeão mundial em 2002 e ainda o brasileiro com maior número de gols em Libertadores, 29, dois a mais que Gabigol.
E Carlyle? Dadá Maravilha, o Dário Peito de Aço?, perguntam os mineiros.
E Bodinho, Jardel, Baltazar, o Artilheiro de Deus?, desejam saber os gaúchos.
Vejam, rara leitora e raro leitor, em que confusão se meteu o pobre colunista: se pararmos por aqui, a lista já terá nada menos que 31 nomes, incluído o de Fred.
O que era para homenagear o artilheiro que pendurou as chuteiras virou quase um massacre.
O que permite outra discussão, sobre a falta que fazem centroavantes cumpridores ao atual futebol brasileiro, onde argentinos como Cano e Calleri brilham sem ser chamados para a seleção de seu país.
Ou onde Hulk, aos 35 anos, dá as cartas, apesar de ser obrigatório citar os brasileiros que estão fora, como Roberto Firmino, Gabriel Jesus, Matheus Cunha e Richarlison.
Pronto! Chegamos a 36 camisas 9.
Melhor parar por aqui e dizer a Fred para não se sentir diminuído, ao contrário, porque deve ser motivo de orgulho estar em lista tão seleta em mais de um século de futebol no Brasil —basta dizer que Friedenreich começou a carreira em 1909, no Germânia, o nome que o Pinheiros adotava e teve de mudar por causa da Segunda Guerra Mundial.
Então, como a criança que faz arte e não tem como voltar atrás para impedir a bronca dos pais, resta ao colunista dizer que tudo foi mera provocação e que centroavante mesmo, desses de carregar o time nas costas e levá-lo aos títulos que disputa, só um: Yuri Alberto!
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