O futebol, como sabem a rara leitora e o raro leitor, é um jogo de 90 minutos. Com os acréscimos, em regra, de 96, 97, às vezes cem.
Para sorte de quem estava na Arena Corinthians, principalmente dos jogadores, o sol não deu o ar de sua graça e a temperatura permitiu jogo intenso desde o começo.
A tal ponto que o Corinthians quase abriu o placar em 20 segundos e fez 1 a 0 aos 90, graças a Victor Cantillo numa virada de jogo brilhante da esquerda para Fagner, pela direita, e o cruzamento aproveitado por Everaldo.
Então, foram mais 45 minutos e trinta segundos apenas alvinegros, não considerado o fato de o Santos também estar de preto. Só deu Corinthians, que parecia continuar o animador segundo tempo que havia jogado em Campinas, com a entrada de Cantillo.
O Santos até ameaçou voltar mais agressivo para os 45 minutos finais, que foram 50.
Ao começar com tudo o segundo tempo, deu espaço, e Boselli botou Janderson na cara do gol para fazer 2 a 0, aos cem segundos. Entusiasmado, o garoto comemorou com a Fiel e acabou expulso porque já tinha cartão amarelo.
Não bastasse a torcida única, e foram mais de 40 mil corintianos, é proibido comemorar com a massa.
Daí, se na primeira metade só um time jogou, na segunda o jogo acabou de vez, porque, naturalmente, o Corinthians tratou de administrar a vantagem, contra um Santos sem saída pelos lados, dadas as ausências de Soteldo e Marinho, e do criativo Carlos Sánchez.
Impotentes, os visitantes não conseguiram machucar a defesa anfitriã e ainda quase sofreram o terceiro gol, evitado pelo goleiro Éverson. Cássio quase não trabalhou.
Não havia sol, não choveu e o Corinthians fez dois gols relâmpagos para incendiar Itaquera.
Se o Corinthians repetir a atuação na quarta (5), contra o Guaraní paraguaio, não terá dificuldade em dar o primeiro passo para chegar à fase de grupos da Libertadores.
Condições para tanto estão garantidas com a saudável decisão da Conmebol de marcar o jogo para o estádio do Cerro Porteño, o La Nueva Olla, para 45 mil torcedores, em vez de ser no campinho para 11 mil em que o Guaraní recebeu os bolivianos do San José.
Vale música
Os 4 a 0 impostos pelo Liverpool ao Southampton no segundo tempo, depois de ter sofrido muito no primeiro, no sábado (1º/2), merece que Paul MacCartney componha, enfim, uma canção para os Reds. E acabe com a polêmica sobre seu time de coração que, se um dia foi o Everton, hoje só pode ser o Liverpool, tantos são os recitais dos campeões mundiais.
Bola plana
Bate uma certa tristeza quando, por exemplo, chorar a morte de Kobe Bryant é criticado porque em Belo Horizonte morreram mais pessoas.
Ou quando se comover com as homenagens feitas nos EUA a um dos maiores ídolos do esporte mundial rende comentários sobre as mortes que o governo norte-americano promove mundo afora.
Será que cabe mesmo comparar?
Do mesmo modo, embora sem a mesma insensibilidade, apenas com a mesma ignorância, é triste ver que, quando se diz ser desumano fazer atletas jogar futebol sob o sol do meio-dia, alguém diz que desumano é morar embaixo do viaduto ou que jogos de tênis sob sol levam quatro horas.
Outra vez, compara-se laranja com avestruz.
Por que há pessoas que fazem questão de se revelar tão cruas? Não poderiam, ao menos, guardar para si?
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