Se Santos, São Paulo e Corinthians quisessem viver um domingo de horrores talvez não conseguissem desenhá-lo tão bem como o vivido na Vila Belmiro, em São Januário e na Ressacada.
O então líder Santos enfiou três gols de vantagem sobre o Fortaleza ainda no primeiro tempo e marchou para golear no segundo, três vira, seis acaba, sabe como é?
Pois, de fato, os 45 minutos finais viram três gols, todos do Fortaleza, em jornada épica.
O Santos exagerou.
Quem teve a felicidade de ver o velho Santos de Pelé e companhia sabe que vez por outra o time jogava tanto e deixava tanto o adversário jogar que aconteciam surpresas.
Nunca, porém, quando não poderiam acontecer.
E o Santos tinha porque tinha de vencer o Fortaleza depois de duas derrotas seguidas.
Derrotas normais, diga-se, fora de casa e para São Paulo e Cruzeiro.
Empatar com o Fortaleza, porém, e nas circunstâncias em que se desenrolou a partida, foi um exagero que time em busca de ser campeão não pode permitir.
Porque a catástrofe se desenhou paulatinamente e embora Jorge Sampaoli tenha providenciado substituições, as três a que tem direito, não se viu nenhuma bola para o mato, nenhum chutão, nada que denotasse consciência do risco que estava evidente. Agora a confiança está abalada.
Os jogos para fechar o turno se tornarão dramáticos, tanto em Chapecó quanto contra o Athletico na Vila e, muito mais, o derradeiro, diante do Flamengo, no Maracanã.
O carioca Zé Ricardo foi mais ousado que o argentino Sampaoli e terminou o jogo com quatro atacantes, até arrancar o 3 a 3.
Enquanto isso o São Paulo vivia sua tarde infeliz no Rio.
O Vasco de Vanderlei Luxemburgo deu um banho de bola no São Paulo para desespero de Cuca.
Já dava quando estava 11 contra 11 e aumentou a diferença com a expulsão de Raniel ainda ao faltar dez minutos para terminar o primeiro tempo.
A garotada vascaína só não ganhou por mais dos 2 a 0 impostos em São Januário, com 20 mil torcedores, porque ainda peca pela ansiedade na hora de finalizar.
Ao interromper a série de cinco vitórias tricolores, o Vasco mostrou futebol não para evitar o rebaixamento, mas para pensar mais alto.
Já o São Paulo não haverá de se conformar com a chance que perdeu para se aproximar do líder, embora deva ter percebido que seus dois últimos triunfos, contra Ceará e Athletico, foram mais fruto do acaso do que propriamente de bom futebol.
Coisa que o Corinthians insiste em não jogar, mesmo contra o lanterna do campeonato, o Avaí, e sabendo que uma vitória o colocaria no G4, no lugar do rival São Paulo.
Conseguiu sair atrás do time catarinense e quase foi o primeiro a ser derrotado pela equipe do coração de Gustavo Kuerten, porque resolveu poupar titulares fora de hora, pois há tempo de sobra para descansar antes de enfrentar o Fluminense pela Copa Sul-Americana.
Paulista que se deu bem na rodada foi o Palmeiras, porque folgou e viu seus três rivais se esborracharem.
Nada que se compare ao Flamengo, que mais uma vez sobrou em Fortaleza, fez 3 a 0 no Ceará, assumiu a liderança e jogou com o que tinha de melhor, apesar do jogo contra o Inter, em Porto Alegre e pela Libertadores.
Jorge Jesus ensina dentro e fora do campo, na estratégia de jogo e no planejamento.
Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal, ainda vai tornar-se um imenso Portugal"¦
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