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� bacharel em filosofia, publicou 'Pensando Bem...' (Editora Contexto) em 2016.
Escreve �s ter�as, quartas, sextas, s�bados e domingos.
Pulando na frigideira
S�O PAULO - O que vai na cabe�a de pol�ticos? Qual mecanismo os leva a atitudes que a maioria de n�s consideraria irracionais?
Estamos agora diante de dois exemplos intrigantes. A presidente Dilma Rousseff, do PT, e o governador do Paran�, o tucano Beto Richa, disputaram e venceram sua pr�pria sucess�o. At� a�, tudo normal. Pol�ticos costumam mesmo concorrer em elei��es com a meta de ganhar. N�o hesitam muito em mentir, adotar plataformas populistas, apelar ao caixa 2 etc. para lograr esse objetivo.
O problema � que, nestes casos em particular, como ambos estavam no poder, tinham pleno conhecimento da encrenca que os aguardava. Por que, ent�o, se engajaram numa miss�o quase suicida, com reduzid�ssimas chances de fazerem uma boa gest�o e com o s�rio risco de ver suas biografias apequenadas?
A melhor explica��o que vislumbro est� na no��o de autoengano, que alimentou neles a ilus�o de que poderiam se sair bem. No modelo proposto pelo bi�logo Robert Trivers, n�s nos deixamos iludir por nossas fabula��es porque essa � a melhor maneira de mentir de modo convincente. Se n�o consideramos o que dizemos como falsidade, ningu�m vai nos apanhar exibindo os sinais de nervosismo t�picos de quem mente.
Pode parecer meio infantil, mas os sinais de que a maioria de n�s se deixa levar por algum n�vel de autoengano s�o ub�quos. Eles s�o particularmente evidentes em pesquisas, como as que revelam que 87% dos alunos de MBA de Stanford julgam sua performance acad�mica acima da mediana da escola ou que 93% dos americanos acreditam que s�o motoristas mais h�beis que a m�dia.
O fato de a estrat�gia ser eficaz, n�o significa que n�o produza efeitos colaterais indesej�veis. Como escreveu Steven Pinker, "o autoengano � a mais cruel das motiva��es, pois ele nos faz sentir bem quando estamos errados e nos encoraja a lutar quando dever�amos nos render".
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