� arquiteto graduado pela USP.
Makers e o abismo digital
Eu tenho fasc�nio pela fabrica��o digital desde a primeira vez que ouvi falar do assunto. Foi num est�gio que fiz em Los Angeles (EUA), no escrit�rio GLForm, do Greg Lynn, um grande fil�sofo, matem�tico e arquiteto, e um dos principais te�ricos norte-americanos de Cultura Digital.
L�, trabalhei servindo caf�, fazendo faxina e uma maquete gigante que jamais terminei.
Era o ano de 2000, in�cio da minha faculdade e da populariza��o da internet (discada, com aquele chiado nost�lgico no momento da conex�o, lembra?), minhas primeiras contas de email e redes sociais.
Foi l�, na terra do cinema, que, privilegiado, visitei at�nito uma f�brica de produ��o digital de grande porte. Com aura de fic��o cient�fica e muito sigilo, presenciei a fabrica��o de prot�tipos em escala real de uma Ferrari e de um ca�a da For�a A�rea americana sendo esculpidos em blocos de pol�mero, ao vivo, por imensos bra�os rob�ticos.
Pasmo, vi tamb�m, pela primeira vez, uma impressora 3-D, fazendo pr�teses para corrigir defici�ncias f�sicas de pessoas que perderam membros em acidentes. Greg Lynn foi o arquiteto consultor do filme "Minority Report" (2002), de Steven Spielberg, motivo daquela visita inesquec�vel para acompanhar a confec��o do cen�rio. Eu, um molec�o criado em Ara�oiabinha da Serra (interior de SP), me vi ali no meio de rob�s, nocauteado pelas possibilidades que se abriam.
Essas tecnologias, cada vez mais democr�ticas, distribu�das e acess�veis, est�o nas m�os de uma nova gera��o de "fazedores", os chamados "makers". Em suas casas, escolas ou laborat�rios de fabrica��o digital (os Fablabs), eles exercitam coletivamente a reconstru��o do mundo em que vivemos, melhorando produtos existentes ou criando novos servi�os, por exemplo.
Para que essas ideias n�o se restrinjam a um grupo de privilegiados, � fundamental e urgente um programa de pol�ticas p�blicas no Brasil que amplie o acesso a tais conte�dos e tecnologias a jovens menos favorecidos.
Caso contr�rio, correremos o risco de aumentar ainda mais o abismo de educa��o e cultura existente, distanciando-nos da possibilidade de viver numa sociedade menos desigual.
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