� arquiteto graduado pela USP.
A promessa da casa inteligente
A automa��o residencial promete facilitar e proteger a vida dom�stica. S�o controles e aplicativos para celular, que regulam desde a ilumina��o ao acionamento da banheira de hidromassagem � dist�ncia.
As promessas para a "casa do futuro" se baseiam numa euforia t�pica da nossa gera��o deslumbrada com o digital. Al�m disso, os �ndices de viol�ncia, associados aos est�mulos da ind�stria do medo, despertam o desejo por produtos para seguran�a, como c�meras de vigil�ncia, controladores de acesso digitais e sensores de presen�a e alarme.
S�o apetrechos que ajudam a criar um ambiente urbano pan-�ptico (vigiado), supostamente mais seguro, e que coloca o Brasil como um dos maiores consumidores de automa��o residencial do mundo.
O termo "casa inteligente" � exaustivamente usado por essa ind�stria como ferramenta de marketing. No entanto, vale lembrar que, em diversas tribos ind�genas brasileiras, as ocas eram inquestionavelmente inteligentes. Reconfigur�veis e flex�veis, elas priorizavam a troca e a circula��o de ar, utilizavam materiais locais, biodegrad�veis e respeitavam o meio ambiente. E tudo isso sem tecnologia digital.
Diversos textos sobre automa��o dos lares t�m a fam�lia Jetsons como um modo de vida metropolitano ideal do futuro. Mas "Os Jetsons" t�m um arranjo familiar caracter�stico de todo o s�culo 20, tipicamente nuclear (pai, m�e e filhos), tal como a fam�lia pr�-hist�rica de outro desenho animado dos est�dios de Hanna-Barbera, "Os Flintstones".
Criadas nos anos 1960, ambas refletem um per�odo em que Hollywood disseminava o "american way of life", exportando o arranjo patriarcal e regulando o trabalho dom�stico pela m�e, a "rainha do lar".
A automa��o residencial, dispon�vel no pa�s, hoje, n�o traz mudan�as para o espa�o da habita��o --limita-se a reproduzir o modelo tradicional familiar e a resolver quest�es meramente funcionais.
Esperamos mais da casa inteligente: que se adapte �s necessidades, de maneira simples e automatizada, e com baixo impacto ambiental. Esperamos que seja, em si, uma grande superf�cie de comunica��o, aglutinadora de conte�dos e mem�rias de seus moradores.
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