� arquiteto graduado pela USP.
Arquitetura feia, cidade doente
Uma vis�o comum que temos sobre S�o Paulo, quando caminhamos, andamos de bicicleta, carro ou �nibus, � a de edif�cios amontoados, com in�meras janelinhas, muito parecidos entre si. S�o pr�dios estandartizados numa repeti��o de formas, aglomerados ortogonais e varia��es cinza de um mesmo tema.
A arquitetura de S�o Paulo �, no geral, entediante, careta e pretensiosa. E, quando temos a chance de criar edif�cios interessantes e inovadores, optamos pela absoluta irrelev�ncia, como, por exemplo, nas novas esta��es do metr� ou em unidades do Sesc na capital --n�o foi criado nenhum edif�cio realmente exemplar depois do Sesc Pompeia, desenhado em 1977 pela arquiteta Lina Bo Bardi (1914-1992).
Se a arquitetura expressa a cultura, os ideais e a identidade de um povo, � muito triste que estejamos esvaziados a ponto de termos orgulho apenas do passado. As refer�ncias ainda s�o o pr�dio do Masp (de 1968, tamb�m de Lina Bo Bardi), o da Bienal, no parque Ibirapuera (de 1957, de Oscar Niemeyer) ou o de residenciais modernistas no bairro Higien�polis.
� claro, existem iniciativas importantes, como a rec�m-inaugurada Pra�a das Artes, do escrit�rio Brasil Arquitetura, ou os experimentos residenciais contempor�neos da incorporadora Idea Zarvos, na Vila Madalena. Mas s�o poucos os empres�rios preocupados com os desenhos de seus investimentos e suas rela��es com a cidade.
Estamos nas m�os de grandes corpora��es e incorporadoras, que inventam a nossa S�o Paulo baseadas unicamente na l�gica do lucro, negando a metr�pole e criando uma arquitetura med�ocre. Vide o que acontece na regi�o do Baixo Augusta, conhecida por sua diversidade. L�, surgem megatorres, com o modelo de condom�nio fechado --guaritas de seguran�a, c�meras de vigil�ncia e muros altos-, que recria em seu interior a suposta cidade ideal. S�o projetos que exibem com arrog�ncia um modelo de urbanismo que estimula a segrega��o e o medo.
Fazer boa arquitetura n�o � uma quest�o de dinheiro. Falta, sim, vontade pol�tica, leis mais severas para os novos empreendimentos, ousadia empresarial e concursos p�blicos e privados que incentivem ideias e jovens escrit�rios. E, fundamentalmente, falta educa��o. Uma cidade que despreza sua arquitetura � uma cidade doente.
Livraria da Folha
- Cole��o "Cinema Policial" re�ne quatro filmes de grandes diretores
- Soci�logo discute transforma��es do s�culo 21 em "A Era do Imprevisto"
- Livro de escritora russa compila contos de fada assustadores; leia trecho
- Box de DVD re�ne dupla de cl�ssicos de Andrei Tark�vski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade