A est�tica da mem�ria afetiva

Os m�veis antigos, marcados pela a��o do tempo e do uso, com arranh�es, desgaste de tinta ou rasgos no tecido, t�m se espalhado pelo mundo. A est�tica do re�so pode ser vista na internet, em blogs, revistas e sites especializados. Est� tamb�m em interiores luxuosos de hot�is, restaurantes "hypados" e lojas na Europa e nas Am�ricas.

A Artek, uma importante empresa de m�veis finlandesa, fundada em 1935, criou recentemente um novo e j� considerado bem sucedido modelo de neg�cios. Ela compra em sites, lojas de m�veis usados, mercados de pulgas ou em "fam�lia vende tudo" o mobili�rio produzido por seus pr�prios designers nas �ltimas d�cadas e que se tornaram cl�ssicos. Um exemplo disso s�o os populares bancos de madeira do arquiteto Alvar Aalto, que tiveram mais de 8 milh�es de unidades produzidas desde 1935.

A Artek "SecondCycle" j� tem tr�s lojas f�sicas e um site de venda on-line e � um modelo de responsabilidade ambiental e social. Sua atitude estimula o consumo consciente e valoriza o design aut�ntico em detrimento �s c�pias baratas, revelando o valor e a beleza das marcas e dos sinais do uso cotidiano em nossos objetos.

Minha m�e nunca entendeu direito por que eu amo tanto minha poltrona vintage de couro preto parcialmente destru�da. Tampouco parece compreender meu entusiasmo ao misturar, na sala de jantar, cadeiras novas de designers renomados com cadeiras baratas, sem design assinado, enferrujadas e "levemente detonadas".

O fato � que fa�o parte de uma gera��o que percebe o valor afetivo e a carga de hist�ria que essas pe�as antigas podem trazer aos nossos lares. Vejo que nem sempre o novo � melhor, e que uma pe�a que conta uma boa hist�ria ser� um bom design. E optar por objetos usados em nosso cotidiano, mais do que estar na moda, � um exerc�cio elegante de sustentabilidade.

P.S.: Soube recentemente de uma empresa chinesa de m�veis que falsifica a a��o do tempo, fabricando produtos j� com cara de usado. Enfureci. Mas depois percebi que, se at� por l� eles j� assimilaram essa ideia, � sinal de sua populariza��o.