O mercado brasileiro de estética movimenta bilhões na economia e é o quarto maior do mundo, atrás dos Estados Unidos, China e Japão.
A realização de procedimentos faciais e corporais é indicada por questões de saúde e autoestima. Mas também se tornou símbolo de status.
Ter o rosto carregado de intervenções estéticas é o novo mocassim de couro. Não importa se torna a aparência horrenda, mas que a pessoa mostre para os outros que pode pagar.
Com isso, surgiu uma geração de pessoas com cinturas de ampulheta e rostos com tanto preenchimento que nos fazem lembrar do saudoso personagem infantil Fofão.
Para garantir os procedimentos de graça, pessoas com muitos seguidores, conhecidas como influencers, fazem permutas, em forma de "publis", contando que o serviço anunciado é segredo de beleza e juventude eterna delas, que muda a cada mês.
O anúncio é feito com um "antes e depois", sendo que o "antes" é uma foto da pessoa com péssima iluminação e sem maquiagem. O depois é uma superprodução com toneladas de filtro de redes sociais.
Os milhares de seguidores procuram os mesmos procedimentos com a esperança de algum milagre, o que transforma até os esteticistas em celebridades. Suas carreiras não são impulsionadas por estudos e bons resultados, mas por seguidores, "publis" e muitos filtros de Instagram.
Pessoas formadas em cursos rápidos, dados por outras pessoas que se formaram em cursos rápidos, se sentem autorizadas a realizar procedimentos altamente invasivos e com nomes pomposos para dar credibilidade e vender a falsa promessa de beleza instantânea e juventude eterna.
"Plump up Microneedle" vende microagulhamento da pele, que pode espalhar câncer. "L'acide hyaluronic" é nome chique para preenchimento no rosto.
Recentemente, um homem morreu durante a realização de "peeling de fenol" —nome pomposo para vender aplicação de ácido cáustico no rosto. A única formação da profissional era um curso online de poucas horas dado por uma farmacêutica. Sua grande conquista eram centenas de milhares de seguidores no Instagram, que seguiam seus "antes e depois" que mostravam peles décadas mais jovens.
Mas, como diz o também velho ditado, "só não fica velho quem já morreu". Talvez tenha sido a técnica da "profissional" para garantir a juventude eterna.
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