Cronista, cr�tico de arte e poeta.
Para que algu�m necessita ter a sua disposi��o milh�es de d�lares?
Frequentemente me pergunto por que certas pessoas indiscutivelmente inteligentes insistem em manter atitudes pol�ticas indefens�veis, j� que, na realidade, n�o existem mais.
Estou evidentemente me referindo aos que adotaram a ideologia marxista, que, de uma maneira ou de outra, militaram em partidos de esquerda, fosse no Partido Comunista, fosse em organiza��es surgidas por inspira��o da Revolu��o Cubana.
N�o tenho d�vida alguma em afirmar que Karl Marx foi uma personalidade excepcional, tanto por sua intelig�ncia como por sua generosidade, pois dedicou a sua vida � luta por um mundo menos injusto.
Ruben Grillo/Ruben Grillo/Editoria de Arte/Folhapress | ||
Gra�as a homens como ele, as rela��es de capital e trabalho –que, na �poca, eram simplesmente selvagens– mudaram, alcan�ado as conquistas que as caracterizam hoje. Marx contribuiu para mudar a sociedade humana, muito embora o seu sonho da sociedade prolet�ria se tenha frustrado.
Nisso ele errou, e n�s, que acredit�vamos em suas ideias, erramos com ele. Isso n�o significa, por�m, que o sonho da sociedade igualit�ria tenha que ser sepultado. Continua vivo e o que importa � encontrar outros meios de torn�-lo realidade. J� alguns pa�ses t�m avan�ado nessa dire��o.
Mas, para que esse avan�o prossiga � necess�rio reconhecer que o sonho marxista estava errado, ainda que bem-intencionado. Se insistirmos nos dogmas ditos revolucion�rios –como a luta de classes e a demoniza��o da iniciativa privada –, n�o sairemos do impasse que inviabilizou o regime comunista onde ele se implantou.
H� que reconhecer que, se sem o trabalhador n�o se produz riqueza, sem o empreendedor tamb�m n�o. Entregar o destino da economia a meia d�zia de burocratas foi um dos equ�vocos que levaram ao fracasso os regimes comunistas onde ele se implantou.
Tampouco pode-se negar que o regime capitalista se move essencialmente pela explora��o do trabalho e pela acumula��o do lucro. A ambi��o desvairada pelo lucro � o mal do capitalismo que deve ser extirpado. E, creio eu, isso talvez possa ser feito sem viol�ncia, uma vez que, de fato, ningu�m necessita de acumular fortunas fant�sticas para ser feliz.
A sociedade tamb�m n�o necessita ser irretorquivelmente igualit�ria, mesmo porque as pessoas n�o s�o iguais. Um perna de pau n�o deve ganhar o mesmo que o Neymar, nem o Bill Gates o mesmo que ganha um chofer de t�xi.
E, por falar nisso, para que algu�m necessita ter a sua disposi��o milh�es e milh�es de d�lares? Para jantar � tripa fora? Se ele investir esse dinheiro numa empresa, criando bem e dando emprego �s pessoas, tudo bem. Mas ningu�m necessita ter dez autom�veis de luxo, vinte casas de campo nem dezenas de amantes.
Tais fortunas devem ser divididas com outras classes sociais, investidas na forma��o cultural e profissional das pessoas menos favorecidas, usadas para subvencionar hospitais e institui��es para atender pessoas idosas e carentes.
Sucede que s� avan�aremos nessa dire��o se pusermos de lado os preconceitos esquerdistas e direitistas, que fomentam o �dio entre as pessoas.
Sabem por que Bill Gates deixou a presid�ncia de sua empresa capitalista para dirigir a entidade beneficente que criou? Porque isso o faz mais feliz, d� sentido � sua vida.
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