Cronista, cr�tico de arte e poeta.
Grau de deteriora��o do prest�gio do PT s� foi revelado ao final do 1� turno
Ruben Grillo/Ruben Grillo/Editoria de Arte/Folhapress | ||
As recentes elei��es municipais, em seu primeiro turno, assinalaram um momento importante na vida pol�tica brasileira. N�o se costuma atribuir maior import�ncia a esse tipo de disputa, na vis�o equivocada de que os cargos municipais n�o t�m maior import�ncia no jogo pol�tico nacional, cujos lances decisivos se passam em Bras�lia, no pal�cio presidencial e nas duas casas do Congresso.
At� certo ponto isso � verdade, mas as elei��es municipais, por encarnarem o interesse imediato e vital tanto das pequenas cidades quanto das capitais dos Estados, revelam, no m�nimo, a correla��o de for�as que, no final das contas, definem o rumo que os interesses pol�ticos v�o tomar. Talvez nem sempre percebamos, mas, nestas elei��es, isso ocorreu.
A verdade � que o pa�s vem atravessando um per�odo cr�tico, que envolve tanto a realidade pol�tica quando a econ�mica, crise esta que culminou no impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Se � certo que, no primeiro plano da cena pol�tica, as coisas pareciam claras, ainda que pol�micas, bem mais dif�cil era saber o que se passava no interior do pa�s, dada a vastid�o e complexidade dessa realidade.
Certamente, os comentaristas pol�ticos j� haviam detectado as consequ�ncias desta crise –agravada pelos esc�ndalos revelados pela Opera��o Lava Jato– mas, de fato, nenhum deles avaliava o grau de deteriora��o do prest�gio do PT, como ficou revelado nos resultados do primeiro turno das elei��es recentes.
Eu mesmo, em diversas cr�nicas escritas durante esse per�odo, constatei a perda de prest�gio do Partido dos Trabalhadores, mas admito que essa perda, como demonstrou o pleito municipal, deixou-me surpreso.
Basta dizer que, enquanto em 2012 o PT alcan�ou 17,3 milh�es de eleitores no primeiro turno, neste ano teve 6,8 milh�es de votos.
A queda no n�mero de eleitores resulta das derrotas que o partido sofreu, deixando-o em d�cimo lugar em n�mero de prefeituras conquistadas. Em 2012, o PT foi eleito em 644 munic�pios; no final deste primeiro turno das elei��es, caiu para 256 cidades (no melhor cen�rio poss�vel, subir� para 263 conclu�do o segundo turno).
Como se isso n�o bastasse para comprovar a perda de prest�gio do lulopetismo, basta constatar que o pr�prio Lula n�o conseguiu reeleger seu filho vereador na cidade de S�o Bernardo do Campo, no ABC, onde ele vive e at� ent�o era seu reduto eleitoral.
Tudo bem, mas se levarmos em conta que Lula � o PT e PT � Lula, a conclus�o inevit�vel � a de que uma etapa da vida pol�tica brasileira chegou ao fim.
N�o quero dizer que o PT e Lula v�o sumir do mapa. N�o � isso.
Os dados comprovam que o partido perdeu a hegemonia e n�o voltar� mais a dirigir o pa�s. Esta n�o � apenas minha opini�o, j� que os pr�prios dirigentes do PT est�o cogitando de fazer uma mudan�a radical no que ele se tornou; h� at� quem queira suprimir a estrela s�mbolo e o nome Partido dos Trabalhadores.
Esse � um dos fatores; o outro foi a vit�ria de Jo�o Doria, do PSDB, mas, sobretudo, o que essa vit�ria no primeiro turno significou para o prest�gio do governador Geraldo Alckmin, que inventou a candidatura do empres�rio e brigou por ela.
A vit�ria foi, na verdade, de Alckmin, respons�vel tamb�m pelas vit�rias do PSDB em v�rias importantes cidades do Estado. Quando se leva em conta que a candidatura de Doria foi contestada por importantes l�deres do partido, s� acresce � for�a pol�tica do governador.
Mas o que desejo ressaltar � o seguinte: quando � incontest�vel a aus�ncia de um l�der capaz de mobilizar a opini�o p�blica do pa�s para as elei��es presidenciais de 2018, pode ser que Geraldo Alckmin se torne esse l�der. Trata-se de uma constata��o de agora. Resta saber como se desenrolar�o as coisas nos pr�ximos dois anos.
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