Cronista, cr�tico de arte e poeta.
Transa��o banc�ria simples vira pequeno drama burocr�tico
Vou contar a voc�s uma hist�ria que talvez lhes interesse porque, no fundo, diz respeito a todos n�s, que somos obrigados a p�r nosso dinheiro no banco. A coisa aconteceu com o Alex, meu amigo, mas poderia acontecer com qualquer um de n�s, que temos os bancos como parte de nossa vida.
A hist�ria come�a quando Alex devia receber, do exterior, o pagamento por um texto que escreveu para uma editora portuguesa. N�o era nenhuma fortuna, apenas 4 mil euros. Foi ent�o informado que teria de conseguir no Minist�rio da Fazenda do Brasil uma declara��o que o confirmasse como contribuinte do Imposto de Renda. Do contr�rio, descontariam 25% do total a lhe ser pago.
Como n�o sabia de que modo obter a tal declara��o, pediu a um primo seu, que � contador, para lhe quebrar aquele galho. O primo se informou e, ent�o, pediu-lhe que redigisse um documento solicitando a tal declara��o. Isso foi feito e entregue numa delegacia do Minist�rio da Fazenda, na Tijuca. Por que na Tijuca? Essa foi a informa��o que obtivera.
Rubem Grillo/Editoria de Arte/Folhapress | ||
Ap�s duas semanas sem resposta, foi o primo informado de que n�o era naquela delegacia, mas noutra, em Ipanema.
O documento foi ent�o levado para essa outra delegacia. Passou-se um m�s e nenhuma decis�o. Dois meses, tr�s meses, e nada.
Ap�s seis meses, Alex desistiu de conseguir a tal declara��o e dirigiu-se � editora dizendo que aceitava pagar os 25% de desconto. Melhor receber com desconto do que n�o receber nada.
Assim foi que a editora lhe pediu os dados banc�rios, mais algumas informa��es e prometeu, dentro de uns poucos dias, transferir o pagamento para o Brasil.
Dito e feito, uma semana depois chegou-lhe um e-mail informando que a grana j� havia sido transferida para a sua conta, de modo que, em alguns poucos dias, poderia sac�-lo. E mandaram-lhe junto um documento que comprovava o dep�sito. Alex ficou t�o contente que convidou alguns amigos para um almo�o em La Trattoria, seu restaurante predileto, a fim de comemorar o feito. Era s� o dinheiro chegar na conta que ele marcaria o almo�o.
Passada uma semana, acessou sua conta pela internet e verificou que o dep�sito n�o havia sido feito. Decidiu ir ao banco para saber o que acontecera. O dinheiro fora depositado, mas, por alguma raz�o, a opera��o n�o se completara.
O gerente prometeu verificar o que ocorrera e lhe telefonaria informando. N�o telefonou. Alex resolveu, depois de alguns dias, ir saber a raz�o daquilo. E soube: a editora, ao fazer o dep�sito, cometera um erro; por isso Alex deveria enviar, de novo, para l�, os seus dados, a fim de que a transfer�ncia do dinheiro fosse feita corretamente.
Ele os enviou, a editora admitiu que havia errado mas que j� fizera a corre��o. O dep�sito estaria logo, logo, em sua conta.
Como isso n�o ocorreu, ele voltou ao gerente que confirmou o dep�sito. Agora, era s� fazer a convers�o para o real e isso somente ele, Alex, poderia fazer.
–Mas eu n�o sei fazer isso, disse ele ao gerente, que afirmou ser coisa simples e lhe explicou como fazer. Alex foi para casa, ligou o computador, tentou fazer a convers�o e n�o conseguiu.
–Maldita a hora em que aceitei fazer esse tal texto para uma editora estrangeira!
Voltou ao banco.
–Deixa comigo, disse o gerente, e lhe pediu o n�mero da conta, repetiu que era coisa simples e come�ou a fazer a tal convers�o; mas parou exatamente onde Alex havia empacado. Pegou o telefone, ligou para o setor de c�mbio e ficou falando um bom tempo. Com o fone no ouvido, deu curso � opera��o, mas parou de novo.
–Qual � o problema, perguntou-lhe Alex.
–� que a categoria direito autoral n�o tem aqui. N�o d� para fazer a convers�o em real. Volte amanh�, que vou ver se acho uma solu��o.
E Alex se foi, de m�os abanando.
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