Cronista, cr�tico de arte e poeta.
Com atentados, EI tenta ocultar fracasso em criar estado hegem�nico
Vivemos um momento particularmente violento e que, ao mesmo tempo, parece indicar o fim de uma �poca de relativa estabilidade e o come�o de outra simplesmente imprevis�vel.
Isso se deve, entre outros fatores, creio eu, � globaliza��o da informa��o, em fun��o da qual todos n�s vivemos tudo ao mesmo tempo.
Rubem Grillo/Editoria de Arte/Folhapress | ||
Se esse conhecimento instant�neo de tudo que ocorre em todos os pontos do planeta nos aproxima a todos, por outro lado, certas manifesta��es de revolta, que desbordam para a viol�ncia, passam a ser imitadas e, assim, se alastram, sem controle por todos os continentes e pa�ses.
Esse � um exemplo das consequ�ncias provocadas por essa possibilidade de comunica��o planet�ria. Mas h� outros, e um deles � a coopta��o de jovens por grupos terroristas que os induzem � pr�tica de atentados dos quais resultam a morte, muitas vezes, de dezenas e at� centenas de pessoas.
Os exemplos se multiplicam com uma frequ�ncia assustadora. Recentemente, mal os cidad�os se refaziam do atentado ocorrido no aeroporto de Istambul e j� eram de novo chocados com o massacre quase uma centena de inocentes em Nice, cidade de veraneio do sul da Fran�a. Agora, a pol�cia brasileira deteve dez indiv�duos que se articularam para um poss�vel a��o terrorista durante a pr�xima Olimp�ada, no Rio.
Diante de tais fatos, que provocam a morte indiscriminada de milhares de crian�as, viajantes e turistas, enfim de pessoas que os terroristas sequer sabem quem s�o, nossa perplexidade s� aumenta com a crescente gratuidade desses massacres e, inevitavelmente, nos perguntamos qual o real prop�sito de seus autores.
Sabemos da exist�ncia de organiza��es terroristas, como o Estado Isl�mico, que se intitula defensor do verdadeiro islamismo e que, em nome do fanatismo religioso, considera-se autorizado � pr�tica de homic�dios em massa.
O componente religioso dessas pr�ticas est� evidente no fato de que, com frequ�ncia, os autores de tais atentados s�o eles pr�prios v�timas de tais a��es, na condi��o de homens-bomba. No entanto, se d�o a vida a essa causa isl�mica, � porque acreditam que, com isso, ser�o recompensados, depois da morte, com o para�so.
E � em nome de uma tal concep��o pol�tico-religiosa que essa fac��o intitulada Estado Isl�mico pretendeu, como o pr�prio nome indica, impor sua convic��o ao povo mu�ulmano e, com isso, criar um Estado hegem�nico, capaz de todos submeter aos valores religiosos do seu islamismo, ou seja, � maneira como o concebe.
A verdade, por�m, � que semelhante op��o dificilmente alcan�a seus objetivos. Como o pr�prio Estado Isl�mico demonstra, tal proposta, embora consiga a ades�o de certo n�mero de fi�is, � pouco prov�vel que conquiste o apoio da maioria, raz�o porque fracassar� em seu objetivo maior.
Assim foi que, ap�s a conquista de diversos territ�rios no Iraque e na S�ria, j� agora perdeu a maior parte deles e, sem d�vida alguma, perder� o resto.
� que, como a experi�ncia nos ensina, viver � conviver e, por isso, quem se arvora em dono exclusivo da verdade termina por isolar-se e entrar em conflito com os demais.
Pode ocorrer que, nos primeiros momentos, uma atitude radical como a desse grupo atraia a ades�o de um n�mero consider�vel de pessoas. No entanto, como a realidade � por si mesma complexa,um tal projeto eivado de fanatismo est� condenado � derrota.
E � o que ocorre, agora, com o Estado Isl�mico que, por seu sectarismo, provocou a uni�o dos advers�rios contra si. Ali�s, a maior prova disso � o aumento do n�mero de atentados terroristas, de algum tempo para c�. Esse � o recurso de que se vale para ocultar o fracasso de sua tentativa de criar um estado hegem�nico no mundo isl�mico.
De minha parte, digo a voc�s que esses atentados nunca me iludiram, pela simples raz�o de que s� quem est� perdido lan�a m�o de tais recursos. Ningu�m derrota os seus advers�rios lan�ando m�o de atos terroristas que, se massacram inocentes, n�o conquistam o poder nem se mant�m nele. Atentado �, na verdade, recurso de derrotado.
Livraria da Folha
- Cole��o "Cinema Policial" re�ne quatro filmes de grandes diretores
- Soci�logo discute transforma��es do s�culo 21 em "A Era do Imprevisto"
- Livro de escritora russa compila contos de fada assustadores; leia trecho
- Box de DVD re�ne dupla de cl�ssicos de Andrei Tark�vski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade