Cronista, cr�tico de arte e poeta.
Acima dos partidos
Quem l� as cr�ticas que, com frequ�ncia, fa�o aqui a Lula, Dilma e ao petismo em geral, pode deduzir que perten�o a algum partido pol�tico que se op�e ao PT. Estar� enganado, j� que n�o perten�o a nenhum partido e, se critico o PT, o mesmo faria com qualquer outro partido que praticasse os erros que ele praticou nesses 14 anos de governo.
� certo que fez tamb�m coisas certas, mas, infelizmente, ap�s os primeiros anos no governo, tomou o caminho errado, certamente pelo prop�sito de manter-se indefinidamente no poder.
Os outros partidos, de modo geral, com raras exce��es, n�o s�o tampouco nenhuma flor que se cheire, como � o caso do PMDB, que, n�o por acaso, foi aliado dos petistas at� poucos meses atr�s.
� verdade, por�m, que tanto o PMDB como os demais partidos, diferem do PT num ponto, pelo menos: � que este, de inspira��o populista —na linha do bolivarianismo— ambicionava apropriar-se do poder para sempre, donde as medidas desastrosas por ele adotadas, que conduziram o pa�s � situa��o lament�vel em que se encontra.
Os demais partidos, que aceitam o jogo democr�tico, admitem a altern�ncia de poder, determinada pela norma democr�tica. Por exemplo, Fernando Henrique Cardoso, findo seu segundo mandato, passou a faixa presidencial a Luiz In�cio Lula da Silva, mas este, ao contr�rio, tentou reeleger-se uma terceira vez e, s� porque n�o o conseguiu, elegeu Dilma Rousseff em seu lugar.
Fez isso certo de que voltaria ao poder quatro anos depois e s� desistiu desse intento ao constatar a heran�a maldita que lhe cairia nas costas. Foi por isso que fez dela candidata a um segundo mandato. Ele percebeu que suceder Dilma seria um desastre, e foi o que aconteceu no segundo mandato dela, que resultou no impeachment.
Ela foi afastada e Michel Temer, seu vice, assumiu o governo como presidente interino, conforme a Constitui��o.
Sucede que os petistas —para os quais as leis s� valem quando os beneficia— passaram a chamar de golpe o que � um procedimento legal. Foram para as ruas pedir a sa�da de Temer, quando este ainda n�o tinha completado um m�s no governo. Sabem muito bem que o impeachment � um procedimento constitucional, mas, como n�o aceitam ter de deixar o poder, fingem n�o saber.
Sabem tamb�m que Dilma j� n�o governava o pa�s, e que muito menos poderia faz�-lo agora, se voltasse ao governo. Ainda assim, tudo fazem para inviabilizar o governo de Michel Temer, muito embora saibam que, se o conseguissem, levariam o pa�s � debacle total. � que o PT n�o atua visando o interesse nacional, e sim o seu pr�prio interesse. Ao contr�rio do que costuma dizer Dilma, o lema de "quanto pior, melhor" � deles, petistas, e n�o de seus advers�rios.
De minha parte, como disse no come�o desta cr�nica, n�o perten�o a nenhum partido e, por isso mesmo, quando critico os petistas n�o o fa�o por raz�es partid�rias, mas visando o interesse do pa�s, da sociedade, dos cidad�os, conforme meu ponto de vista, claro.
Essas s�o igualmente as raz�es que determinam minha atitude em face do presidente Michel Temer. N�o o conhe�o pessoalmente nem tenho qualquer simpatia especial por ele. Admito mesmo que, se fosse o caso de votar nele para a Presid�ncia da Rep�blica, dificilmente o faria. Apesar disso, ao contr�rio dos petistas, tor�o para que ele tome as medidas acertadas, que nos tire deste buraco negro em que Dilma Rousseff nos meteu.
Este � o ponto para o qual gostaria de chamar a aten��o do leitor. O Brasil enfrenta um dos piores momentos de sua hist�ria, com mais de 11 milh�es de desempregados, infla��o alta, produ��o industrial estagnada e um d�ficit or�ament�rio dos mais altos do mundo.
Tal situa��o exige dos pol�ticos, e particularmente do governo central, medidas acertadas e urgentes para evitar que esse estado cr�tico se agrave. E n�s sabemos que, se isso ocorrer, os mais atingidos ser�o precisamente aqueles que vivem de seu trabalho e, portanto, do crescimento da economia.
Atuar com o prop�sito de dificultar a ado��o de tais medidas � atentar contra os setores mais carentes da sociedade, e � lament�vel que isso seja feito por pol�ticos integrantes de uma institui��o que se intitula Partido dos Trabalhadores.
Do meu ponto de vista, n�o � Temer que importa, nem se � este ou aquele partido que ocupe o governo. Importa � sairmos do atoleiro.
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