Cronista, cr�tico de arte e poeta.
Ah, se n�o fosse a realidade!
Devo admitir que, a cada dia, surpreendo-me com a rea��o de pessoas reconhecidamente inteligentes e bem informadas, em face da crise pela qual passa o pa�s nesta fase do governo de Dilma Rousseff. N�o � que n�o tolere suas opini�es contr�rias � minha, e sim os tipos de argumentos que adotam, contr�rios aos fatos e aos princ�pios constitucionais que regem a nossa vida pol�tica e social. A �nica explica��o para tal atitude s� pode ser a necessidade de, fora de toda l�gica, insistir na defesa de determinada op��o ideol�gica, seja ela razo�vel ou n�o.
Por que digo isso?
Porque o que tem ocorrido, no Brasil, de certo tempo para c�, n�o deixa d�vida quanto ao procedimento dos dirigentes petistas para, a qualquer custo, se manterem no poder. Tomemos como exemplo o esc�ndalo do mensal�o, que envolveu o Estado-maior lulista na compra de deputados do baixo clero. Pode algu�m, em s� consci�ncia, acreditar que tudo aquilo foi feito sem que Lula soubesse, quando os autores da falcatrua eram os principais auxiliares dele e no comando do governo?
Estes foram processados e condenados pelo Supremo Tribunal Federal mas a tal esquerda lulista o ignora, como se acreditasse que s�o inocentes.
Mas tudo bem, o mensal�o s�o �guas passadas. E o Petrol�o? Segundo os entendidos na mat�ria, nunca houve, na hist�ria brasileira, uma corrup��o de tais propor��es e, ainda por cima, envolvendo o governo do pa�s e sua maior empresa.
E, veja bem, n�o foi a oposi��o ao governo petista que trouxe � tona esse esc�ndalo; foi a Opera��o Lava Jato, de que participam a Pol�cia Federal, procuradores do Estado do Paran� e o juiz Sergio Moro, de primeira inst�ncia. Gra�as � sua compet�ncia e determina��o, al�m das dela��es premiadas, o pa�s tomou conhecimento, entre outros esc�ndalos, do assalto � Petrobras, que quase a leva � fal�ncia.
O povo brasileiro todo sabe da compra da refinaria de Pasadena, por um pre�o v�rias vezes maior que seu valor real; sabe dos or�amentos superfaturados que resultaram em propinas de milh�es e milh�es de reais dadas aos petistas e seus aliados. V�rios dos empres�rios dessas empreiteiras est�o presos e outros j� condenados. Todo mundo sabe disso, menos aqueles fi�is seguidores do lulismo e do esquerdismo sagrado.
Essa � a conclus�o a que chego, quando os leio ou ou�o suas declara��es na televis�o. Conforme o que dizem, � como se os fatos que todos conhecemos n�o tivessem acontecido, seriam mentiras inventadas pelos inimigos de Lula, o defensor dos pobres. N�o � que o digam explicitamente, n�o o dizem; apenas os ignoram. � como se nada daquilo houvesse ocorrido, muito embora Marcelo Odebrecht esteja em cana e o mesmo tenha ocorrido com propriet�rios e ex-presidentes de outras empresas participantes daquelas mesmas falcatruas.
Isso est� todos os dias nas p�ginas dos jornais e no notici�rio da televis�o, mas, ainda assim, esses nossos amigos fingem ignor�-los. Preferem afirmar, falsamente indignados, que Dilma Rousseff est� sendo v�tima de um golpe, muito embora saibam que � mentira e que at� ministros do STF j� se mostraram indignados com tamanho descaramento.
� ent�o que me pergunto como � que pessoas honestas, inteligentes e informadas t�m o desplante de ignorar a realidade para, com isso, justificar uma atitude indefens�vel; claro, n�o h� argumento que justifique o assalto a uma empresa estatal nem o recebimento de propinas para financiar partidos e campanhas eleitorais. A alternativa que lhes resta, portanto, � fazer de contas que n�o sabem de nada.
Muito bem. No come�o desta cr�nica, usei a express�o "op��o ideol�gica" para definir tal atitude e � isso que distingue estes lulistas dos outros, menos sofisticados. � que, para estes, o PT, liderado por um oper�rio, nasceu como a esperan�a da verdadeira revolu��o prolet�ria, com que sonhavam. Sucedeu que, logo logo, o comunismo acabou no mundo inteiro.
Lula, esperto como sempre, optou pelo populismo e, em vez de lutar contra os capitalistas, aliou-se a eles –e da� o Petrol�o. D� para entender: quem acredita que petismo � socialismo n�o consegue encarar tanta realidade.
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