Cronista, cr�tico de arte e poeta.
E o sonho acabou
Acredito que a maneira que temos para sair da situa��o cr�tica em que nos encontramos � tentarmos entender o que ocorreu no pa�s e o conduziu ao impasse.
Certamente, cada analista pol�tico tem sua pr�pria compreens�o do problema em que haver�, sem d�vida, alguma verdade, mas que, a meu ver, nem sempre pode explicar certos aspectos dos governos petistas que est�o no poder h� mais de 12 anos.
Em meus coment�rios, tenho buscado caracterizar esse governos como populistas, a exemplo do que ocorreu na Argentina, na Venezuela, na Bol�via e no Equador.
Se � certo que, em cada um desses pa�ses, o populismo se manifestou de maneira particular, em todos eles p�s em pr�tica um tipo de governo que se apresenta como defensor dos pobres contra os ricos, embora, na pr�tica, n�o seja bem isso, como constatamos no Brasil.
Esse novo populismo –ao contr�rio do que se imp�s nos anos 1930, 40, 50 (por a�)– � um arremedo do regime marxista, mesmo porque surgiu como consequ�ncia do fim daqueles regimes no mundo inteiro.
Como o populismo latino-americano n�o nasceu de uma revolu��o e, sim, da disputa eleitoral, n�o pode impor a ditadura de um s� partido mas, mesmo assim, pretende manter-se para sempre no poder.
Hugo Ch�vez, com seu socialismo bolivariano, mudou a Constitui��o da Venezuela para reeleger-se indefinidamente; o mesmo fez Evo Morales. Lula tentou um terceiro mandato mas n�o o conseguiu. O jeito foi eleger a Dilma, pensando em voltar quatro anos depois.
A inten��o de permanecer indefinidamente no poder explica por que, em seu primeiro mandato, Lula evitou aliar-se ao PMDB, ao qual teria que ceder minist�rios e altos cargos da m�quina estatal. Em vez disso, aliou-se aos pequenos partidos, os quais, em vez de minist�rios, comprou com dinheiro p�blico –o mensal�o.
Desgastado com esse esc�ndalo –do qual escapou entregando a cabe�a de seus principais militantes– Lula teve de aliar-se, no segundo mandato, ao PMDB, e lhe fazer as concess�es conhecidas, algumas das quais reveladas pela Opera��o Lava Jato. Mas o projeto de poder de Lula n�o se limitou � compra de deputados e � barganha de cargos p�blicos.
Conforme t�m mostrado as investiga��es realizadas, criou-se dentro da Petrobras uma alian�a do governo com altos funcion�rios da empresa e dirigentes de empreiteiras para saque�-la atrav�s de concorr�ncias manipuladas e contrata��es fajutas, que geravam alta somas em propinas. Parte desse dinheiro era passada ao partido do governo e seus aliados.
Como se v�, a figura do l�der oper�rio Luiz In�cio Lula da Silva, que ganhou a confian�a de certa intelectualidade de esquerda, na verdade juntou-se aos capitalistas que dizia combater, formando uma alian�a criminosa que sonhava saquear o patrim�nio p�blico por d�cadas e d�cadas.
Como parte desse projeto, Lula e Dilma usaram recursos do Estado para os programas assistencialistas que lhes garantissem a reelei��o permanente.
Com esse prop�sito, estimularam o consumismo, emprestando dinheiro do tesouro nacional a empresas produtoras de ve�culos, de geladeira, televis�o, m�quinas de lavar, enfim, de bens de consumo, para que os vendessem a pre�os acess�veis e a longo prazo aos consumidor de poucos recursos.
Ou seja, n�s, contribuintes, financi�vamos a pol�tica populista para que Lula se mantivesse no poder, como o pai dos pobres.
O que pretendo demonstrar com esses fatos � que o desempenho de Lula n�o foi apenas resultado de sua personalidade carism�tica. Na verdade, se atentamos para os fatos citados, � inevit�vel concluir que seu desempenho obedece a um projeto pol�tico que visava manter-se no poder indefinidamente. Ele s� se esqueceu de que a economia tem leis que, desobedecidas, levam ao desastre. E o desastre chegou.
Agora, com o desembarque do PMDB do governo e a previs�vel aprova��o do impeachment, a aventura lulopetista parece estar com os dias contados.
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